A Conservação e a Restauração visam salvaguardar o que consideramos bens culturais, que são produtos de nossa cultura - do pensamento, do sentimento e da ação do homem. Esses bens formam o patrimônio histórico e artístico, ou seja, nosso Patrimônio Cultural. Arceburgo-MG BRASIL
Seja bem-vindo!!!!
Alguém disse uma vez: São as boas garotas que escrevem em diários. As más garotas nunca têm tempo. Eu? Eu apenas quero viver uma vida que irei lembrar. Mesmo que eu não escreva tudo.
Brooke Davis - One Tree HillÉ necessário abrir os olhos e perceber que as coisas boas estão dentro de nós, onde os sentimentos não precisam de motivos nem os desejos de razão. O importante é aproveitar o momento e aprender sua duração, pois a vida está nos olhos de quem saber ver.
Gabriel Garcia Marquezquinta-feira, 18 de outubro de 2012
Exposição de Ortega em Arceburgo
Concluiu o Curso Técnico de Arquitetura Mobiliar e de Interiores pela “CEAC”, Barcelona-Burgos (Espanha).
Lecionou Desenho de Perspectiva na “Escola Protec” em São Paulo, Arquitetura de Interiores na “Associação Sambernardense de Belas Artes”, em São Bernardo do Campo, São Paulo.
É catalogado na “Enciclopédia de Artes Júlio de Lousada” nos números quatro, cinco, seis, sete e oito – São Paulo, na “ Art Trade International Guide of Cotation ” – Porto (Portugal) e no “ Annuaire de L'art International ” – Paris (França) e outros.
ORTEGA __
Para saber mais sobre o artista acesse: www.ortegaart.com
quarta-feira, 25 de abril de 2012
domingo, 1 de abril de 2012
Câmara mortuária do Faraó Tutmés
O sucessor da faraó Hatshepsut, Tutmés III, foi sepultado neste sarcófago de quartzito amarelo. Os desenhos e escritas nas paredes ilustram o passar das horas no Amduat.
Imagem disponível em: REEVES, Nicholas; WILKINSON, Richard. The Complete Valley of the Kings. Londres: Thames & Hudson, 2008. P.97
Tutankhamon quando criança
Este pingente é uma reprodução da imagem do faraó Tutankhamon quando criança. Nele ele está usando a coroa khepresh e segurando um mangual e o báculo, símbolos do poder real.
Este objeto foi encontrado em sua tumba (KV-62).
Foto disponível em: HALLAM, Elizabeth. O livro de ouro dos deuses e deusas: mais de 130 divindades e lendas da mitologia mundial (Tradução de Vânia de castro). 2ª Edição. São Paulo: Editora Ediouro. 2002.
http://www.facebook.com/#!/marciajamille.arqueologiaegipcia
segunda-feira, 26 de março de 2012
Tiffany
Bem sucedido na pintura, arte cerâmica, designer de interiores e de jóias, Louis Confort imortalizou o sobrenome Tiffany.
Nascido em 1848 e falecido aos 85 anos de idade, o Designer Louis Confort Tiffany foi o artista americano que mais teve seu nome associado ao movimento da Art Nouveau.
Famoso inicialmente por seus trabalhos em vitrais, Louis Tiffany iniciou a carreira trabalhando com o pai - Charles Lewis fundador da grife conhecida mundialmente - como designer industrial, passando pela pintura, decoração de interiores, arte cerâmica e por fim designer de jóias.
De 1865 a 1869, Louis Tiffany estudou em Paris, onde aprendeu a manipular o vidro do modo francês, inglês e italiano.
Explorando a ornamentação de efeitos espetaculares, os trabalhos de Tiffany fizeram estrondoso sucesso na Europa, então o grande berço da cultura e das artes ocidentais.
O Museu do Luxemburgo, em 1894 e 1901, adquiriu belos vasos para seu acervo ganhando em 1919, dois de presente, especialmente fabricados pelo designer.
Nos Estados Unidos, envolveu-se com a decoração de interiores, colocando vitrais em janelas e divisórias, vasos, luminárias, mosaicos de vidro e cerâmica em lareiras, explorando a união desses materiais com diversos metais fundidos.
Para dar suporte ao seu trabalho de designer de interiores, passou a fabricar também, tecidos para forração de móveis e paredes.
Tirando proveito das novas técnicas de eletricidade criou uma infinidade de luminárias - decoradas com flores - que passaram a ser fabricadas em série.
Expandindo os negócios, entrou no ramo das jóias criando peças que hoje fazem parte do acervo de vários museus ao redor do mundo como Museu de Belas Artes de Montreal . Musée D’Orsay, Museu do Ermitage, Metropolitan, Chrysler Museum of Art, Musée des Arts Decoratifs de Paris, Virginia Museum of Fine Arts e o Petit Palais.
Em 1916 o Metropolitan Museum of Arts de Nova York fez um retrospectiva de seus trabalhos, quando Louis Confort Tiffany, retribuiu com um almoço para 300 pessoas. Tiffany morreu milionário em 1933.
http://www.saldaterraluzdomundo.net/Artes_Plasticas_Artigo_Vitralista_Holand%EAs_de_alma_brasileira.htm
domingo, 26 de fevereiro de 2012
Chiquinha Gonzaga
Compositora de música popular nascida no Rio de Janeiro, RJ, criadora de Abre alas! (1899), a primeira marcha carnavalesca brasileira e sucesso até os dias de hoje. Filha natural de Rosa Maria de Lima com o militar de carreira José Basileu, que mesmo sob forte pressão da família, assumiu a criança e a registrou como sua filha e deu-lhe rigorosa educação. Aprendeu a ler e a escrever, fazer contas e, principalmente, tocar piano, e a música tornou-se sua grande paixão. Estudou regência e iniciou a carreira (1858) como compositora de polcas, muito apreciadas na época. Na então sociedade patriarcal, seguindo a vontade de seu pai casou-se (1863), com apenas 16 anos, com Jacinto Ribeiro do Amaral, de 24 anos.
Esse casamento não podia dar certo e a separação foi a única saída. Foi expulsa de casa por seu pai, que, a partir daquele momento, renegou sua paternidade. Com o filho João Gualberto ainda no colo, ela partiu em busca de uma nova vida e assim encontrou-se com o meio boêmio carioca, onde deslanchou sua vocação artística. Compôs partituras para peças teatrais, operetas e revistas com relativo sucesso, totalizando cerca de oitenta partituras para teatro musicado e mais de duas mil peças menores.
Participou ativamente na luta pelo direito autoral e participou da campanha abolicionista, atitudes que a tornaram alvo dos preconceituosos da época. Autora de numerosa e variada obra musical que contribuiu para fixar o cancioneiro popular brasileiro com maxixes, modinhas e o nascente samba urbano. Essa compositora também teve o mérito de aproximar a música erudita da popular e foi uma das primeiras a introduzir o violão nos salões cariocas. Morreu no Rio de Janeiro e sua prodigiosa vida foi representada por uma minissérie na Rede Globo de Televisão (1999).
Figura copiada do BRAZILIADA TEAM:
http://braziliada.ru/musicians/
Fonte: http://www.dec.ufcg.edu.br/biografias/
Lamartine Babo 10/01/1904 16/06/1963
Mesmo tendo sido um leigo em técnica musical, Lamartine criou melodias maravilhosas, resultantes de seu espírito inventivo e altamente versátil. Começou a compor aos 14 anos - a valsa "Torturas do Amor" e, aos 16 anos, compõe a opereta "Cibele". Quando foi para o Colégio São Bento dedicou-se a músicas religiosas.
Porém, foi através das marchinhas carnavalescas, cantadas até hoje, como O Teu Cabelo Não Nega, Grau 10, Linda Morena, e A Marchinha do Grande Galo, que o seu nome se tornou mundialmente conhecido como o Rei do Carnaval. Em suas letras, predominavam o humor refinado e a irreverência.
Como poucos, Lamartine alcançou os dois extremos da alma brasileira: a gozação e o sentimento. Fez também a maioria dos hinos dos grandes times de futebol - sendo o primeiríssimo em seu coração o América.
Lamartine Babo, o Lalá, era uma das pessoas mais bem humoradas e divertidas de sua época, não perdendo nunca a chance de um trocadilho ou de uma piada. Em uma entrevista afirmou "Eu me achava um colosso. Mas um dia, olhando-me no espelho, vi que não tenho colo, só tenho osso". Numa outra, o entrevistador pergunta qual era a maior aspiração dos artistas do broadcasting, Lalá não vacila: "A aspiração varia de acordo com o temperamento de cada um... Uns desejam ir ao céu... já que atuam no éter... Outros ‘evaporam-se’ nesse mesmo éter... Os pensamentos da classe são éter... ó... gênios..." - valeu-lhe o título de O Pior Trocadilho de 1941.
E aconteceu também o caso dos correios: Lalá foi enviar um telegrama, o telegrafista bateu então o lápis na mesa em morse para seu colega: "Magro, feio e de voz fina". Lalá tirou o seu lápis e bateu: "Magro, feio, de voz fina e ex-telegrafista"
Sua primeira marchinha gravada, foi a divertida "Os Calças-Largas", em que Lamartine debochava dos rapazes que usavam calças boca-de-sino. Em 1937, com a censura imposta pelo Estado Novo de Getúlio Vargas, carnavalescos irreverentes como Lamartine Babo ficaram proibidos de utilizar a sátira em suas composições. Sem a irreverência costumeira, as marchinhas não foram mais as mesmas.
Em 1951, aos 47 anos, Lamartine Babo, que nunca tivera sorte no amor, casou-se, enfim. Morreu vitimado por um enfarte, no dia 16 de Junho de 1963, deixando seu nome no rol dos grandes compositores deste país. Seu amigo e parceiro João de Barro, o popular Braguinha, disse certa vez: "Costumo dividir o carnaval em duas fases: Antes e depois de Lamartine".
http://puccamp.aleph.com.br/marchcar/lamartine.html
sábado, 25 de fevereiro de 2012
O Museu de Arte de São Paulo (MASP) recebe a exposição Roma – A Vida e os Imperadores.
MASP recebe exposição sobre Império Romano
A mostra é composta por um acervo de mais de 300 peças vindas dos mais tradicionais museus da Itália, como Museu Arqueológico Nacional de Florença, o Museu Nacional Romano, o Museu Nacional de Nápoles, o Antiquário de Pompeia, o Museu Arqueológico de Fiesole e a Galeria Uffizi. Esta é a primeira vez que as obras saem do país.
Segundo o MASP, “o desafio é recontar a trajetória do povo e dos imperadores romanos no período tardio da República e primeiros séculos do Império Romano por meio da arte, da arquitetura triunfal, das cerimônias de poder, da vida cotidiana, das célebres conquistas e da opulência do Império.”
Guido Clemente, professor de História Romana da Universidade de Florença, é quem assina a curadoria da exposição, que segue em cartaz até 1º de abril.
Mais informações no site do MASP.
Museu realiza programação inédita em homenagem aos 50 anos da morte de Portinari
Museu Casa de Portinari elaborou uma programação inédita em tributo ao pintor
No ano do cinquentenário da morte de Candido Portinari (1903-1962), o Museu Casa de Portinari, instituição da Secretaria da Cultura administrada em convênio com a ACAM Portinari, elaborou uma programação inédita em tributo ao pintor. De 6 de fevereiro a 21 de abril serão desenvolvidas atividades paralelas a primeira exposição das obras "Guerra e Paz" restauradas, que ocorre no mesmo período no Memorial da America Latina, em São Paulo.
"É uma honra para a Secretaria da Cultura lembrar o meio século da morte de Cândido Portinari com atividades gratuitas no museu que leva o nome do artista. E após cinqüenta e quatro anos, apoiar a exposição dos painéis Guerra e Paz em São Paulo, dando a oportunidade ao público paulista de apreciar a obra", ressalta o secretário da Cultura, Andrea Matarazzo.
Entre as principais atrações da "Homenagem ao Cinquentenário da Morte do Artista" está a exibição de um documentário sobre a história da produção das obras "Guerra e Paz", feito pela EPTV Ribeirão Preto e apresentado em forma de série no telejornal local, em maio de 2011. O evento conta ainda com a exibição de réplicas dos painéis no ateliê do artista, a apresentação de objetos que fazem referência aos murais, como livro, selos e cartões postais, e uma projeção dos estudos feitos por Portinari para a confecção das obras.
"A programação dá ao público de Brodowski e região a oportunidade de conhecer e refletir sobre uma das mais importantes obras do pintor, uma vez que o público do interior encontra dificuldades de ir até os grandes centros, onde os painéis restaurados estarão expostos. Essa ação do Museu Casa de Portinari também faz com que os visitantes participem de uma das homenagens prestadas ao artista em seu cinquentenário de morte", explica a gerente do museu, Cristiane Maria Patrici.
Os painéis Guerra e Paz estão entre os principais trabalhos de Portinari e foram encomendados ao artista pelo governo brasileiro, em 1952, como um presente para a sede da ONU em Nova York (EUA).
Gratuita e destinada a todos os públicos, a atividade, além de homenagear o pintor Candido Portinari, tem como intuito conquistar novos apreciadores para as obras do artista brodowskiano. As atividades acontecem de terça-feira a domingo, das 9h às 17h. O museu está localizado na praça Candido Portinari, nº 298 - Centro. Mais informações pelo telefone (16) 3664-4284.
Homenagem ao Cinquentenário da Morte do Artista
Período: de 6/2 a 21/4/2012
Local: Museu Casa de Portinari (praça Candido Portinari, n° 298, Centro - Brodowski/SP)
Horário: das 9h às 17h
Informações: (16) 3664-4284
Entrada: gratuita
http://www.saopaulo.sp.gov.br/spnoticias/lenoticia.php?id=217630
terça-feira, 21 de fevereiro de 2012
Arte e Crítica ( José Rosário)
segunda-feira, 30 de janeiro de 2012
segunda-feira, 23 de janeiro de 2012
Arte Celta
A Arte Celta
No primeiro milênio antes de Cristo, os antigos celtas ocupavam uma grande parte da Europa como contemporâneos da Grécia e de Roma. Fora do âmbito clássico, viviam então quatro povos guerreiros, considerados bárbaros: os citas, nas estepes do Oriente; os germânicos, no Norte; os ibéricos; e os celtas, que reinavam, migravam e lutavam por toda a parte, nos Bálcãs, na região do médio Danúbio, na Boêmia, no norte da Itália e Gália até a Grã-Bretanha e Irlanda. Eles saquearam a Grécia, fundaram, na época helenista da Ásia Menor, o Reino da Galácia e chegaram até a Dinamarca, a Silésia e a Ucrânia. Os celtas surgiram na proto-história - época da qual a arqueologia e a lingüística são os únicos testemunhos.
Enquanto existiram como um povo, com reinos sempre em conflito entre si, os celtas criaram, durante cerca de mil anos, uma arte característica, que ocupa um lugar de honra na formação cultural do ocidente e que sobreviveu na Irlanda e Bretanha cristãs, justamente até a época em que se fixaram por escrito nestas duas ilhas suas lendas épicas - nos primeiras grandes obras da literatura européia narradas em língua vulgar.
Inclusive na Epopéia de Bran, surgida na Irlanda por volta do século IX d.C, numa visão mística do mundo, que Matthew Arnold chamou de magia da natureza. Talvez três mil anos antes da época do manuscrito dessa epopéia, e ainda na pré-história, se tenham estabelecido as bases da civilização européia, e os celtas foram um dos povos que contribuíram para formar definitivamente o seu caráter.
O caráter deste povo, marcado por contradições - amor excessivo tanto à luxuria como ao ascetismo, à exaltação e ao desespero; ausência da disciplina e do dom da organização; presença da coragem e do gosto pela disputa; e existência da crueldade, da superstição e da eloquência - é a antítese do ideal grego da moderação. Manifesta-se ainda no amor pelas belezas naturais, em lendas imbuídas de mistério e de imaginação, e num senso estético que prefere decoração e estilização à simples representação figurativa.
A arte de todos os povos antigos é na sua maioria religiosa, representando o sentimento do sagrado. E - ao menos em sua origem - está reservada a essa função. Os historiadores antigos ficavam perplexos com a total ausência da estatuária entre os celtas. Lucano (século I d.C.) relata que, em vez de esculpir estátuas, eles se contentavam em talhar grosseiramente troncos de árvores evitando de toda maneira dar-lhes formas humanas, e o autor explicou isso pela incapacidade artística dos bárbaros.
A filosofia religiosa dos celtas era mística. Toda a representação era realística - ou cópia da natureza (provavelmente a base da arte clássica) - e estranha à mentalidade e religião celtas. Segundo o historiador francês Albert Grenier, "não foi a arte que omitiu os deuses, foram os deuses que omitiram a arte".
A arte celta utiliza objetos do dia-a-dia, decorando-os com motivos geométricos, como, por exemplo, espirais, e, sobretudo, com animais e vegetais, símbolos da vida eterna transformados em decoração. São trepadeiras luxuriantes e brotos ainda recém-nascidos, monstros, seres híbridos, rostos humanos levados à caricatura, símbolos mágicos que se mesclam com a grandiosidade de composições lineares, imagens fugidias que deslizam do real para o irreal, ou combinações abstratas de marcada simetria, escondidas atrás de uma dissimetria aparente.
A forma se anima, seres vivos passam a se assemelhar a vegetais. Os rostos ficam geométricos, os temas abstratos, quase humanos. Para fugir à imitação da natureza, a arte celta utiliza uma fusão contínua de motivos. Uma transformação que mistura todos os temas - humanos, animais ou vegetais -, onde o que se faz é abstrato. Com raízes no período Hallstatt -, um burgo da Áustria onde se descobriu uma necrópole, com cerca de mil sepulturas pré-históricas, e que deu nome ao primeiro período da Idade do Ferro (cerca de 700 a 480 a.C.) -, esta forma fundamental da arte celta chega a seu ponto culminante na época de La Tène - localidade da atual Suíça - quando a civilização celta atingiu seu apogeu (500 a.C., aproximadamente), com a introdução da policromia na joalheria, nas armas e nos arreios de cavalos.
Pode-se dizer que pela primeira vez aparecia na Europa bárbara uma arte sofisticada, baseada na do mundo clássico e adotando até certo ponto seus critérios. Suas obras-primas demonstram um alto senso de forma, estrutura e linha; o uso de espaços vazios - que evita sobrecarregar a superfície com uma profusão de ornamentos - resulta num equilíbrio perfeitamente estético. Muitas destas obras possuem grande vitalidade dinâmica, mas não são irrequietas, pois o movimento vigoroso, muitas vezes evoluindo de um centro gerador, é sempre capturado com segurança num dado momento. Estes artesãos incorporaram elementos de fontes diversas, mas com tanto vigor e originalidade que criaram seu estilo próprio e individual. Durante os dois séculos de seu florescimento, uma certa unidade no tratamento estilizado de homens e animais é evidente: às vezes aristocrático, às vezes intensamente estranho, ou apenas levemente indicado na complexidade de sua concepção, pela presença persistente do ornamento grego e pela contraposição habilidosa de assimetria e simetria.
Um dos objetos mais significativos da vida diária era o caldeirão, utensílio que desempenhava, também, um papel importante no ritual religioso. Era no caldeirão que se preparava o hidromel e a cerveja servidos aos heróis. O caldeirão mágico do Rei Artur ainda aparece na literatura do século XII, para ser reintroduzido por Shakespeare no Macbeth. Alguns exemplares sobreviveram até os nossos dias. O mais famoso deles é o encontrado em uma turfeira perto de Gundestrup, na Dinamarca, em 1891. Ele data do período entre os séculos II e I a.C., e a presença de elementos orientais indica o médio Danúbio como local de origem.
O historiador grego Estrabão, nascido na Capadócia cerca de 58 a.C., relata como os címbrio presentearam "seu caldeirão mais sagrado" ao Imperador Augusto. Deve ter sido da manufatura celta, e de prata repuxada, tal como a daquele de Gundestrup. O caldeirão de Augusto tem 42 centímetros de altura e 69 centímetros de diâmetro, e pesa, aproximadamente, nove quilos. Cenas animadas e espetaculares estão representadas sobre suas paredes internas e externas: o deus chifrudo Cerunno e outras divindades, máscaras humanas, serpentes, animais naturais e fantásticos, uma procissão de guerreiros armados e cenas de rituais, como, por exemplo, um sacrifício humano.
Na Gália conquistada, a romanização fortemente organizada se impôs com tanta força que, setenta anos depois da era de Augusto, nada restou do antigo estilo celta numa arte que agora chamamos de galo-romana e que se encontra calcada na imitação da arte dos conquistadores. Mas algumas pequenas estatuetas e as numerosas lápides representando cenas do cotidiano - um ferreiro manejando o martelo, um alfaiate com seus tecidos, um fabricante de sabão e seus caldeirões, um navio cheio de barris sendo rebocado - conservam uma característica, um certo jeito artesanal que as distingue claramente das obras romanas da mesma época, com cenas de guerra ou de caça postas em arcos do triunfo ou sarcófagos fabricados em série.
Muitas das peças que chegaram até nós são executadas em ouro (raras vezes em prata) ou bronze, mas também existem boas peças em ferro, madeira e cerâmica. Os ornamentos em corais e esmalte e a cerâmica pintada mostram que os contrastes eram rebuscados e estimados, e os contrastes da contextura muitas vezes acentuados por pontilhado ou sombreamento.
O caráter místico da religião celta e o simbolismo da sua arte eram estranhos demais para os romanos. Mas a qualidade técnica dos artistas continuou a afirmar-se, mesmo depois da conquista, e o legado dos celtas constitui, hoje, um tesouro de extrema importância para a cultura universal.
Fonte: texto de Fred Madersbacher / Fotos: Reproduções
Lendas e Druidas
Quase tudo que existe a respeito da mitologia celta foi escrito pelos historiadores cristãos a partir de tradições orais - centenas de anos depois de estes mitos terem funcionado como parte integrante da vida dos celtas - ou, em alguns casos, colecionado por estudantes contemporâneos de folclore. É verdade que sobreviveu uma grande literatura, particularmente na Irlanda e no País de Gales. A deusa Dana, por exemplo, é evidentemente a Ísis egípcia e tornou-se conhecida por mais de trinta nomes, entre os quais Badb, Cailleach e Macha. Ela é também a Deusa-Mãe ou o princípio feminino, a Ártemis celta dos escritores clássicos, com toda a terra fértil e a criação animal sob seu controle. É a deusa da vida e da morte e uma grande matadora de homens. Seu parceiro, Dagda, revela-se um Hércules primitivo, representando o princípio masculino.
Os sacerdotes que organizavam o culto das divindades eram os druidas. Como não possuíam escrita, nenhuma de suas cresças nos chegou intacta; o que sabemos deles foi compilado de escritores clássicos como César, Diógenes, Laércio, Estrabão, Tácito e Plínio, o Velho. Outros dados podem ser colhidos de lendas ou histórias de santos e de indícios arqueológicos. Só um único templo druida nos foi descrito; seus santuários geralmente eram grutas ou bosques de carvalhos. Seu pitagorismo, mencionado pelos escritores clássicos, significa que acreditavam na reencarnação e em números sagrados, como o “três” documentado nas tríades de divindades. Os druidas devem ter exercido o papel de juízes entre os celtas indisciplinados, e regularmente celebravam sacrifícios humanos.
Em 43 d.C., o Imperador Cláudio conquistou a Inglaterra. Existem documentos referentes aos druidas desta época. O general romano Suetônio Paulino comandou no ano 61 uma expedição punitiva, e Tácito faz uma descrição viva deste encontro: "O exército inimigo colocado à margem do rio era formado por uma multidão compacta de guerreiros e de mulheres que gritavam imprecações, vestidas de preto como as Fúrias. Ao redor os druidas, as mãos elevadas ao céu, lançavam maldições terríveis, desconcertando nossos soldados com essa visão desusada".
Alguns dos reis celtas conseguiram, durante algum tempo, deter outra invasão, a dos germânicos. Entraram no reino das lendas: Vortigern, Uther Pendragon e outros. Mas a figura mais famosa e fascinante é sem dúvida a do Rei Artur, dos Cavaleiros da Távola Redonda. É bem conhecida a lenda sobre o aparecimento de ima bigorna atravessada por uma espada mágica, com uma inscrição prometendo o reino àquele que conseguisse retirá-la, e de como Artur foi o único a realizar a proeza. Artur conquistou um grande reino, aconselhado sabiamente por Merlin, o mago, e na sua capital, Camelot, a Távola Redonda tinha lugar para 150 heróis. A lenda descreve ainda as aventuras de seus cavaleiros, notadamente Sir Gawain, Sir Lancelot (que amava a bela rainha Guinevere, mulher de Artur), Sir Tristão e muitos outros. No fim se contam a amarga sorte de Merlin, que ficou aprisionado sob a terra, e a terrível batalha de Camlan, onde o velho rei caiu mortalmente ferido por seu compatriota Mordred. Mas qual é a verdade histórica, atrás desse ciclo de lendas? Não sabemos. A história dos reinos celtas dessa época é pouco conhecida.
Certos arqueólogos continuam na procura algo quixotesca de provas da existência do grande rei mitológico, mas até hoje nada de concreto encontraram. Mas nem tudo do ciclo arturiano é mera lenda. Sir Thomas Malory escreveu, em 1485, referindo-se a uma das mais famosas histórias de amor: "Contar das alegrias que havia entre a bela Isolda e Sir Tristão - não há língua para falar, nem coração para pensar, nem para escrever". É conhecido o trágico fim do triangulo amoroso entre Isolda, Tristão e o Rei Marco, da Cornualha. Numa encruzilhada de duas rodovias, distante cerca de quatro quilômetros de Fowey, na Cornualha, encontra-se um monólito alongado, irregularmente esculpido, colocado sobre um pedestal moderno. Numa de suas faces, há uma inscrição em latim: Hic iacit Drustans Cunomori filius - "Aqui jaz Drustans, filho de Cunomorus". Provoca uma estranha sensação pôr a mão na superfície carcomida desta pedra milenar, que é quase certamente a lápide de Tristão, pois Drustans é uma forma para seu nome, e o Rei Marco era chamado nas crônicas antigas de Marcus dictus Quonomorius.
Para ver mais imagens, acesse o álbum de fotos do Jornal A Relíquia.
Amanheço hoje
Com as forças dos Céus,
Luz do Sol,
... Brilho da Lua,
Esplendor do Fogo,
Resplendor das Chamas,
Velocidade do Vento,
Rapidez do Raio,
Firmeza da Rocha,
Estabilidade da Terra,
Profundidade do Mar.
Amanheço hoje
Pela força secreta e
Divina que me guia.
Que assim seja
E que assim se faça!