Seja bem-vindo!!!!


Alguém disse uma vez: São as boas garotas que escrevem em diários. As más garotas nunca têm tempo. Eu? Eu apenas quero viver uma vida que irei lembrar. Mesmo que eu não escreva tudo.

Brooke Davis - One Tree Hill


É necessário abrir os olhos e perceber que as coisas boas estão dentro de nós, onde os sentimentos não precisam de motivos nem os desejos de razão. O importante é aproveitar o momento e aprender sua duração, pois a vida está nos olhos de quem saber ver.

Gabriel Garcia Marquez

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Arte Celta



A arte Celta é uma das mais ricas manifestações da chamada "arte bárbara". Diz respeito a toda a arte produzida pelos celtas, povos da Europa Central e Ocidental, já desde a Idade do Bronze até à Idade Média (aproximadamente desde o séc. V a.C. até ao séc. I d.C.).

- Os celtas desenvolveram uma arte em metal utilizando o alumínio, o ouro, a prata e o bronze, com incisões, relevos e motivos entalhados. Os objectos produzidos cumpriam funções bélicas (decoração de espadas, escudos, armaduras), religiosas (pinturas e esculturas usadas para afastar os maus espíritos ou para glorificar os Deuses e a Natureza), domésticas e estéticas (adornos pessoais). Uma grande variedade de efeitos decorativos de raiz abstracta e geométrica ou zoomórfica era utilizada para ornamentar as superfícies desses objectos;
Capacete em bronze - Função bélica


Vasilha de prata (Caldeirão Gundestrup) - Função religiosa

Bracelete em ouro
Colar em prata

Jóias em ouro, com algumas incrustrações de pedras preciosas

Ornamento

Moedas

Bracelete em ouro

Cruz celta em alumínio

- Embora predominasse o uso do metal, a cerâmica, a pedra, o marfim, o osso, o vidro, o coral (depois substituído pelo esmalte) e o âmbar, não foram excluídos;


Vaso em cerâmica



- Influências asiáticas e das civilizações do Mediterrâneo (grega, etrusca e romana);
- Utilizaram formas animais e vegetais, criando esculturas com motivos fantásticos;
- A arte Celta sendo essencialmente decorativa, não procurou imitar nem idealizar o real e por isso caracterizou-se pelas tendências geométricas e simétricas;


- Mistura figuras humanas estilizadas com desenhos abstratos arabescos e espirais;

- A arte Celta entrou em declinio no século I a.C. devido à expansão do Império Romano e às incursões de povos germânicos;
- A influência da arte celta encontra-se ainda presente nas iluminuras medievais irlandesas e em muitas manifestações do folclore do Noroeste Europeu, na música e em boa parte da arquitectura da Europa Ocidental. Também muitos dos contos e mitos populares do Ocidente Europeu e a origem do estudo da Filosofia são atribuídos à cultura dos celtas.



A Arte Celta

Elmo proveniente da região de charente, na França, em ouro, ferro e coral, decorado no estilo celta antigo

No primeiro milênio antes de Cristo, os antigos celtas ocupavam uma grande parte da Europa como contemporâneos da Grécia e de Roma. Fora do âmbito clássico, viviam então quatro povos guerreiros, considerados bárbaros: os citas, nas estepes do Oriente; os germânicos, no Norte; os ibéricos; e os celtas, que reinavam, migravam e lutavam por toda a parte, nos Bálcãs, na região do médio Danúbio, na Boêmia, no norte da Itália e Gália até a Grã-Bretanha e Irlanda. Eles saquearam a Grécia, fundaram, na época helenista da Ásia Menor, o Reino da Galácia e chegaram até a Dinamarca, a Silésia e a Ucrânia. Os celtas surgiram na proto-história - época da qual a arqueologia e a lingüística são os únicos testemunhos.

Enquanto existiram como um povo, com reinos sempre em conflito entre si, os celtas criaram, durante cerca de mil anos, uma arte característica, que ocupa um lugar de honra na formação cultural do ocidente e que sobreviveu na Irlanda e Bretanha cristãs, justamente até a época em que se fixaram por escrito nestas duas ilhas suas lendas épicas - nos primeiras grandes obras da literatura européia narradas em língua vulgar.
Inclusive na Epopéia de Bran, surgida na Irlanda por volta do século IX d.C, numa visão mística do mundo, que Matthew Arnold chamou de magia da natureza. Talvez três mil anos antes da época do manuscrito dessa epopéia, e ainda na pré-história, se tenham estabelecido as bases da civilização européia, e os celtas foram um dos povos que contribuíram para formar definitivamente o seu caráter.

Cabeça de um chefe ou de um deus, em pedra, originária da República Tcheca

Hecateu de Mileto, o mais importante dos logógrafos do século VI a.C., já menciona os celtas, mas o nome celta só aparece pela primeira vez nas obras de Heródoto, um século mais tarde. As tribos celtas, originalmente dispersas por toda a Europa, gravitaram progressivamente para o oeste e se concentraram na nação gaulesa, que era politicamente mais homogenia. E não obstante a sua extinção, com a conquista de Júlio César, por volta de 50 a.C., temos um número considerável de informações sobre sua história e suas instituições no que foi escrito pelos autores clássicos que estavam em contato com eles. E temos ainda dados abundantes sobre sua vida e cultura material, fornecidos pela arqueologia: sabemos como moravam e como eram enterrados, como combatiam e como eram suas armas; e sabemos alguma coisa sobre sua religião e sua mitologia.
O caráter deste povo, marcado por contradições - amor excessivo tanto à luxuria como ao ascetismo, à exaltação e ao desespero; ausência da disciplina e do dom da organização; presença da coragem e do gosto pela disputa; e existência da crueldade, da superstição e da eloquência - é a antítese do ideal grego da moderação. Manifesta-se ainda no amor pelas belezas naturais, em lendas imbuídas de mistério e de imaginação, e num senso estético que prefere decoração e estilização à simples representação figurativa.
A arte de todos os povos antigos é na sua maioria religiosa, representando o sentimento do sagrado. E - ao menos em sua origem - está reservada a essa função. Os historiadores antigos ficavam perplexos com a total ausência da estatuária entre os celtas. Lucano (século I d.C.) relata que, em vez de esculpir estátuas, eles se contentavam em talhar grosseiramente troncos de árvores evitando de toda maneira dar-lhes formas humanas, e o autor explicou isso pela incapacidade artística dos bárbaros.

Detalhe do famoso caldeirão de prata encontrado em Gundestrup, na Dinamarca, representando o deus Cerunnos, com seus chifres. Foi feito no século II ou I a.C.

A filosofia religiosa dos celtas era mística. Toda a representação era realística - ou cópia da natureza (provavelmente a base da arte clássica) - e estranha à mentalidade e religião celtas. Segundo o historiador francês Albert Grenier, "não foi a arte que omitiu os deuses, foram os deuses que omitiram a arte".
A arte celta utiliza objetos do dia-a-dia, decorando-os com motivos geométricos, como, por exemplo, espirais, e, sobretudo, com animais e vegetais, símbolos da vida eterna transformados em decoração. São trepadeiras luxuriantes e brotos ainda recém-nascidos, monstros, seres híbridos, rostos humanos levados à caricatura, símbolos mágicos que se mesclam com a grandiosidade de composições lineares, imagens fugidias que deslizam do real para o irreal, ou combinações abstratas de marcada simetria, escondidas atrás de uma dissimetria aparente.
A forma se anima, seres vivos passam a se assemelhar a vegetais. Os rostos ficam geométricos, os temas abstratos, quase humanos. Para fugir à imitação da natureza, a arte celta utiliza uma fusão contínua de motivos. Uma transformação que mistura todos os temas - humanos, animais ou vegetais -, onde o que se faz é abstrato. Com raízes no período Hallstatt -, um burgo da Áustria onde se descobriu uma necrópole, com cerca de mil sepulturas pré-históricas, e que deu nome ao primeiro período da Idade do Ferro (cerca de 700 a 480 a.C.) -, esta forma fundamental da arte celta chega a seu ponto culminante na época de La Tène - localidade da atual Suíça - quando a civilização celta atingiu seu apogeu (500 a.C., aproximadamente), com a introdução da policromia na joalheria, nas armas e nos arreios de cavalos.
Pode-se dizer que pela primeira vez aparecia na Europa bárbara uma arte sofisticada, baseada na do mundo clássico e adotando até certo ponto seus critérios. Suas obras-primas demonstram um alto senso de forma, estrutura e linha; o uso de espaços vazios - que evita sobrecarregar a superfície com uma profusão de ornamentos - resulta num equilíbrio perfeitamente estético. Muitas destas obras possuem grande vitalidade dinâmica, mas não são irrequietas, pois o movimento vigoroso, muitas vezes evoluindo de um centro gerador, é sempre capturado com segurança num dado momento. Estes artesãos incorporaram elementos de fontes diversas, mas com tanto vigor e originalidade que criaram seu estilo próprio e individual. Durante os dois séculos de seu florescimento, uma certa unidade no tratamento estilizado de homens e animais é evidente: às vezes aristocrático, às vezes intensamente estranho, ou apenas levemente indicado na complexidade de sua concepção, pela presença persistente do ornamento grego e pela contraposição habilidosa de assimetria e simetria.
Um dos objetos mais significativos da vida diária era o caldeirão, utensílio que desempenhava, também, um papel importante no ritual religioso. Era no caldeirão que se preparava o hidromel e a cerveja servidos aos heróis. O caldeirão mágico do Rei Artur ainda aparece na literatura do século XII, para ser reintroduzido por Shakespeare no Macbeth. Alguns exemplares sobreviveram até os nossos dias. O mais famoso deles é o encontrado em uma turfeira perto de Gundestrup, na Dinamarca, em 1891. Ele data do período entre os séculos II e I a.C., e a presença de elementos orientais indica o médio Danúbio como local de origem.
O historiador grego Estrabão, nascido na Capadócia cerca de 58 a.C., relata como os címbrio presentearam "seu caldeirão mais sagrado" ao Imperador Augusto. Deve ter sido da manufatura celta, e de prata repuxada, tal como a daquele de Gundestrup. O caldeirão de Augusto tem 42 centímetros de altura e 69 centímetros de diâmetro, e pesa, aproximadamente, nove quilos. Cenas animadas e espetaculares estão representadas sobre suas paredes internas e externas: o deus chifrudo Cerunno e outras divindades, máscaras humanas, serpentes, animais naturais e fantásticos, uma procissão de guerreiros armados e cenas de rituais, como, por exemplo, um sacrifício humano.

Moedas gaulesas em ouro

O assim chamado "estilo de Gundestrup" introduz na arte do final da época de La Tène elementos do Oriente clássico, das estepes e do mundo helenístico. A experiência grega de trabalhar a pedra foi, na Europa, o ponto de partida da arte plástica e da arquitetura monumental profana e religiosa. Após a incorporação da Gália ao Império Romano, apareceram vilas fortificadas, com ruas regulares e templos.
Na Gália conquistada, a romanização fortemente organizada se impôs com tanta força que, setenta anos depois da era de Augusto, nada restou do antigo estilo celta numa arte que agora chamamos de galo-romana e que se encontra calcada na imitação da arte dos conquistadores. Mas algumas pequenas estatuetas e as numerosas lápides representando cenas do cotidiano - um ferreiro manejando o martelo, um alfaiate com seus tecidos, um fabricante de sabão e seus caldeirões, um navio cheio de barris sendo rebocado - conservam uma característica, um certo jeito artesanal que as distingue claramente das obras romanas da mesma época, com cenas de guerra ou de caça postas em arcos do triunfo ou sarcófagos fabricados em série.
Muitas das peças que chegaram até nós são executadas em ouro (raras vezes em prata) ou bronze, mas também existem boas peças em ferro, madeira e cerâmica. Os ornamentos em corais e esmalte e a cerâmica pintada mostram que os contrastes eram rebuscados e estimados, e os contrastes da contextura muitas vezes acentuados por pontilhado ou sombreamento.
O caráter místico da religião celta e o simbolismo da sua arte eram estranhos demais para os romanos. Mas a qualidade técnica dos artistas continuou a afirmar-se, mesmo depois da conquista, e o legado dos celtas constitui, hoje, um tesouro de extrema importância para a cultura universal.

Fonte: texto de Fred Madersbacher / Fotos: Reproduções


Lendas e Druidas

Quase tudo que existe a respeito da mitologia celta foi escrito pelos historiadores cristãos a partir de tradições orais - centenas de anos depois de estes mitos terem funcionado como parte integrante da vida dos celtas - ou, em alguns casos, colecionado por estudantes contemporâneos de folclore. É verdade que sobreviveu uma grande literatura, particularmente na Irlanda e no País de Gales. A deusa Dana, por exemplo, é evidentemente a Ísis egípcia e tornou-se conhecida por mais de trinta nomes, entre os quais Badb, Cailleach e Macha. Ela é também a Deusa-Mãe ou o princípio feminino, a Ártemis celta dos escritores clássicos, com toda a terra fértil e a criação animal sob seu controle. É a deusa da vida e da morte e uma grande matadora de homens. Seu parceiro, Dagda, revela-se um Hércules primitivo, representando o princípio masculino.
Os sacerdotes que organizavam o culto das divindades eram os druidas. Como não possuíam escrita, nenhuma de suas cresças nos chegou intacta; o que sabemos deles foi compilado de escritores clássicos como César, Diógenes, Laércio, Estrabão, Tácito e Plínio, o Velho. Outros dados podem ser colhidos de lendas ou histórias de santos e de indícios arqueológicos. Só um único templo druida nos foi descrito; seus santuários geralmente eram grutas ou bosques de carvalhos. Seu pitagorismo, mencionado pelos escritores clássicos, significa que acreditavam na reencarnação e em números sagrados, como o “três” documentado nas tríades de divindades. Os druidas devem ter exercido o papel de juízes entre os celtas indisciplinados, e regularmente celebravam sacrifícios humanos.
Em 43 d.C., o Imperador Cláudio conquistou a Inglaterra. Existem documentos referentes aos druidas desta época. O general romano Suetônio Paulino comandou no ano 61 uma expedição punitiva, e Tácito faz uma descrição viva deste encontro: "O exército inimigo colocado à margem do rio era formado por uma multidão compacta de guerreiros e de mulheres que gritavam imprecações, vestidas de preto como as Fúrias. Ao redor os druidas, as mãos elevadas ao céu, lançavam maldições terríveis, desconcertando nossos soldados com essa visão desusada".
Alguns dos reis celtas conseguiram, durante algum tempo, deter outra invasão, a dos germânicos. Entraram no reino das lendas: Vortigern, Uther Pendragon e outros. Mas a figura mais famosa e fascinante é sem dúvida a do Rei Artur, dos Cavaleiros da Távola Redonda. É bem conhecida a lenda sobre o aparecimento de ima bigorna atravessada por uma espada mágica, com uma inscrição prometendo o reino àquele que conseguisse retirá-la, e de como Artur foi o único a realizar a proeza. Artur conquistou um grande reino, aconselhado sabiamente por Merlin, o mago, e na sua capital, Camelot, a Távola Redonda tinha lugar para 150 heróis. A lenda descreve ainda as aventuras de seus cavaleiros, notadamente Sir Gawain, Sir Lancelot (que amava a bela rainha Guinevere, mulher de Artur), Sir Tristão e muitos outros. No fim se contam a amarga sorte de Merlin, que ficou aprisionado sob a terra, e a terrível batalha de Camlan, onde o velho rei caiu mortalmente ferido por seu compatriota Mordred. Mas qual é a verdade histórica, atrás desse ciclo de lendas? Não sabemos. A história dos reinos celtas dessa época é pouco conhecida.
Certos arqueólogos continuam na procura algo quixotesca de provas da existência do grande rei mitológico, mas até hoje nada de concreto encontraram. Mas nem tudo do ciclo arturiano é mera lenda. Sir Thomas Malory escreveu, em 1485, referindo-se a uma das mais famosas histórias de amor: "Contar das alegrias que havia entre a bela Isolda e Sir Tristão - não há língua para falar, nem coração para pensar, nem para escrever". É conhecido o trágico fim do triangulo amoroso entre Isolda, Tristão e o Rei Marco, da Cornualha. Numa encruzilhada de duas rodovias, distante cerca de quatro quilômetros de Fowey, na Cornualha, encontra-se um monólito alongado, irregularmente esculpido, colocado sobre um pedestal moderno. Numa de suas faces, há uma inscrição em latim: Hic iacit Drustans Cunomori filius - "Aqui jaz Drustans, filho de Cunomorus". Provoca uma estranha sensação pôr a mão na superfície carcomida desta pedra milenar, que é quase certamente a lápide de Tristão, pois Drustans é uma forma para seu nome, e o Rei Marco era chamado nas crônicas antigas de Marcus dictus Quonomorius.


Para ver mais imagens, acesse o álbum de fotos do Jornal A Relíquia.
http://jornalareliquia.blogspot.com/2010/09/arte-celta.html


ORAÇÃO CELTA
Amanheço hoje
Com as forças dos Céus,
Luz do Sol,
...
Brilho da Lua,
Esplendor do Fogo,
Resplendor das Chamas,
Velocidade do Vento,
Rapidez do Raio,
Firmeza da Rocha,
Estabilidade da Terra,
Profundidade do Mar.

Amanheço hoje
Pela força secreta e
Divina que me guia.

Que assim seja
E que assim se faça!

O Calendário Maia

O TEMPO MATEMÁTICO DOS MAIAS

O TEMPO MATEMÁTICO DOS MAIAS
por Victoria Hardy




Signos que assinalam os meses do calendário Maia. Para saber mais sobre cada mês, visite o website MAYA PORTAL (em inglês). Para os maias o tempo tinha seus segredos; segredos de natureza matemática. A realidade se repete em ciclos. Quem estudar a matemática dos fatos passados, encontrando igualdades e proporções poderá prever o que pode acontecer e quando pode acontecerá, seja uma Idade do Ouro ou o cataclisma do futuro.

O calendário Maia intriga muitos estudiosos em todo o mundo. O conceito de tempo e o uso dos calendários são fascinantes; tanto mais que o calendário é um elemento fundamental do fenômeno "civilização". O professor e pesquisador especialista em calendário maia, Ian Xel Lundgold, chama a atenção para a idéia de que "quem controla o calendário, controla a civilização"; porque em civilização as pessoas necessitam de comunicação pela sincronia de uma série de atividades rotineiras que sustentam a ordem cotidiana.

Os dias são regulados por horas, momentos marcados; datas para os encontros, para o pagamento das contas, para o cumprimento de expectativas, períodos marcados para trabalhar e para descansar (férias). O tempo é isso, a medição dos momentos de duração dos seres e de suas relações, com base em um marco inicial imaginário e mutuamente acordado, em sociedade.

Nos países que usam o sistema cronológico ocidental, o tempo é regulado pelo calendário Gregoriano, estabelecido pelo Papa Gregório XIII em 1582 e que foi adotado aos poucos em todo no mundo católico-cristão. Em resposta à a gradual perda de prestígio secular da Igreja de Roma (influência do Vaticano no mundo) e com a valorização das culturas regionais, outros calendários ganharam visibilidade. Hoje, fala-se muito no calendário do Islã (mês de Ramadã), no ano judaico e, desde o início do terceiro milênio, tem crescido o interesse pelo místico exotismo do "Calendário Maia" segundo o qual, o "Fim dos Tempos" virá com dia e hora marcados: 21 de dezembro de 2012.

Lundgold explica que o calendário maia, chamado Haab identifica os chamados "ciclos de criação e destruição". Os maias entendiam que as coisas se repetem ciclicamente em todas as esferas do ser, seja o universo inteiro, seja uma civilização, um planeta ou a vida de um indivíduo. [A sabedoria também se repete: na Bília, no livro atribuído a Salomão, esse idéia aparece em palavras claras.]. Considerando que o desenrolar dos acontecimentos estão submetidos a ciclos, seria possível, a partir do estudo de fatos passados desenvolver, matematicamente, um diagnóstico para os tempos futuros.

O Haab - o ano maia - compreendia dois períodos: o Tun ou Tzolkin, com 360 dias divididos em 18 meses de 20 dias; e o período de Xma Kaba Kin, de 5 dias, considerados azarados. O dia nº 0 da Era atual é situado em 3.113 a.C., quando Vênus desaparece no oeste enquanto as Pleiades nascem no leste fechando um ciclo de 5.125 anos, em 21 de dezembro de 2012. 




FONTE
Mayan Calendar and Time
In AMERICAN CRONICLE publicado em 22/01/2007

Arte e Arquitetura Maia - História da Arte e Arquitetura Maia

Forma de expressão social, política e ideológica de um dos povos pré-colombianos mais desenvolvidos. Durante mais de 2 mil anos, os maias utilizaram, em suas construções, variados materiais e técnicas. Como conseqüência, a escultura destes povos acompanhou o desenvolvimento arquitetônico e alcançou um grau de sofisticação não encontrado entre os demais povos da América. A arquitetura maia tem caráter cerimonial, o que proporcionou o surgimento de estruturas suntuosas. As grandes plataformas eram feitas de pedras. As paredes, de terra batida e, depois, revestidas por pedra talhada ou argamassa. Os tetos tinham forma de falsa abóbada. Os exteriores de palácios e pirâmides apresentavam esculturas em suas decorações.


No que restou das cidades maias, os arqueólogos encontraram vestígios de observatórios astronômicos — entre os quais o mais importante é o El caracol, na cidade de Chichén Itzá —, praças de recreação, espaços para jogos de bola e uma bem elaborada infra-estrutura urbana. Nas esculturas, em estilo naturalista, chama atenção a profusão de elementos que se harmonizam com surpreendente senso de proporção. A serpente é a representação mais encontrada em ruínas de palácios, estádios e pirâmides.
A arte maia tem suas raízes na cultura olmeca (1200-400 a.C.) e, posteriormente, recebeu influências da arte de Teotihuacán e Tula.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

2012 - bom ano para conhecer a cultura MAIA

Os Maias não foram a melhor civilização, mas sua herança cultural em Honduras continua surpreendendo arqueólogos nacionais e estrangeiros por causa da riqueza cultural em pedra da cidade de Copán.

"Podemos dizer que eles não foram a melhor civilização, também não os denigro. Foram uma civilização muito avançada que pôde medir o tempo, eles surgiram após outras culturas como a olmeca, da qual aprenderam muitas coisas e aperfeiçoaram algumas", disse à Agência Efe o arqueólogo hondurenho Vito Veliz.

Na sua opinião, "os Maias olhavam o tempo e a vida como uma coisa cíclica e o dia 21 de dezembro de 2012 em seu calendário solar termina um ciclo e começa outro".

Mas a conta regressiva do último ano do calendário solar maia, de conta longa, que finaliza em 21 de dezembro deste ano, foi interpretada por alguns como a chegada do fim do mundo nessa data. A esse respeito, Veliz diz que "essas premonições somente cabem em gente que faz sua imaginação voar, e algumas pessoas, que não têm informação".
Copán Ruínas se diferencia de outras cidades do Mundo Maia, integrado por Belize, El Salvador, Guatemala, Honduras …

Veliz, com estudos no Kansas (EUA), ex-gerente do Instituto Hondurenho de Antropologia e História e professor universitário, diz que "os Maias não fizeram nenhum prognóstico sobre isso. Há muita questão imaginativa de gente dizendo que será o fim do mundo, quando o que haverá é o fim de um período. Nada de catástrofes, nem algo parecido".

Na véspera do início da conta regressiva do calendário maia, o dia 21 de dezembro, Veliz ditou uma conferência em Copán Ruinas sobre o solstício como parte de uma série de atividades educativas, científicas e culturais que se celebrarão até o dia 21 de dezembro de 2012.

"Segundo apontamentos históricos, a civilização maia se desenvolveu entre cerca de 700 a.C. e 800 d.C., enquanto a olmeca foi muitos anos antes. Os maias aprenderam algumas coisas dos olmecas e as desenvolveram a seu máximo nível", afirma Veliz.

Contagem regressiva
O relógio eletrônico que está marcando a contagem regressiva do último ano do calendário solar maia, de conta longa, foi ligado pelo presidente hondurenho, Porfirio Lobo, em 21 de dezembro passado no parque arqueológico de Copán Ruinas.

No ato cultural se desfrutou de um espetáculo artístico de grande colorido, com danças que imitavam as antigas dos maias. Jovens vestidos ao uso dos indígenas maias, com sua pele coberta de cores vivas participaram de representações dramatizadas de jaguares, papagaios e morcegos, figuras que se sobressaem nas esculturas de pedra dessa civilização.

O governante hondurenho fez um convite "ao mundo inteiro" para que em 2012 venha a Copán Ruinas, não só para compartilhar as jornadas educativas, científicas e culturais que vão acontecer por este motivo, mas também a herança que deixou a civilização maia.

Copán Ruínas se diferencia de outras cidades do Mundo Maia, integrado por Belize, El Salvador, Guatemala, Honduras e México, porque possui uma impressionante escalinata de hieróglifos, pirâmides, esteiras com finos decorados e altares, entre outros motivos.

Os Maias não disseram que o mundo iria acabar em 2012, diz a Secretaria de Turismo.
As pirâmides de Copán Ruinas não são monumentais como as da Guatemala e do México, mas sua decoração gravada em pedra é mais vistosa, segundo especialistas.

"O que hoje vemos é como o início de uma nova era, de paz e de esperança", ressaltou Lobo, aproveitando para enviar uma saudação aos povos e governantes dos países do Mundo Maia.

Na cerimônia do dia 21 de dezembro em Copán Ruinas crianças e jovens interpretaram danças maias com ares modernos, em um espetáculo iluminado por um fogo em uma bandeja de barro em frente a uma réplica do Altar Q, que mostra a sucessão dos 16 governantes que teve Copán.

"Este dia é de muito significado para o mundo e para Honduras", enfatizou Lobo, dizendo também que durante o que resta até o dia 21 de dezembro de 2012 no país serão realizadas atividades científicas, acadêmicas e culturais em torno da civilização maia.

Copán Ruina é um dos lugares de maior interesse turístico de Honduras. (Foto: AP)
A secretária de Turismo, Nelly Jeréz, diz que o dia 21 de dezembro marcou o começo do solstício de inverno e que países como México, Belize, Guatemala, El Salvador e Honduras, se unem "ao início de uma nova era, de uma contagem regressiva a essa era de prosperidade, de esperança e solidariedade".

"O mundo não está acabando em 2012 nem nada que se pareça. Voltamos a nos juntar com nossa natureza", ressalta Nelly, convidando nacionais e estrangeiros a percorrerem e conhecerem o mundo maia.

Copán Ruinas continua sendo um dos lugares de maior interesse turístico de Honduras, localizado no departamento ocidental de Copán, na fronteira com a Guatemala.

Para aumentar o número de visitantes, as autoridades do país centro-americano têm prevista a construção de um pequeno aeroporto que permita levar turistas de diferentes regiões do país, inclusive os que com frequência chegam em cruzeiros de luxo à ilha caribenha de Roatán.

O tempo
Nelly disse que em 2012 serão realizados vários eventos importantes como a abertura de entre cinco e seis novas descobertas arqueológicas em Copán Ruinas e conferências magistrais com renomados arqueólogos internacionais. Também se fará a reabertura do Museu Regional de Arqueologia e o público poderá ser testemunha de fenômenos como o apogeu, o solstício e o equinócio.

A herança cultural dos maias em Honduras continua surpreendendo arqueólogos. (Foto: Thinkstock)
Segundo as autoridades hondurenhas de Turismo, o interesse do mundo por Copán está em que o Parque Arqueológico continua sendo o mais estudado por causa do toque artístico refletido em suas esteiras, entre outros motivos.

O presidente da Câmara de Turismo, Epaminondas Marinakis, lembra que 21 de dezembro marcou "o solstício do inverno e foi o dia mais curto no hemisfério norte, e o mais longo do ano no hemisfério sul".

Ele acrescenta que 21 de dezembro de 2012 será o final do grande ciclo ou conta longa no calendário maia, "que consiste em três diferentes contas de tempo (de 260 e 365 dias, e a última de 5.125 anos) que transcorrem simultaneamente".

“Essa medição de tempo, foi predita pelos Maias partindo do ano 3.114 antes de Cristo, embora eles ainda não existissem então”, finaliza Marinakis.

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Cleópatra, a última rainha do Egito

Publicado por Márcia Jamille Costa Em 20 - junho - 2010

Introdução:

Qualquer fato relacionado à vida de Cleópatra VII tornou-se, na atualidade, algo questionável. Teria mesmo a última rainha do Egito se suicidado com uma serpente? Uma naja realmente teria veneno suficiente para matar a rainha e duas de suas servas? Suas artimanhas seriam meras lendas ou fatos reais?
Pesquisas no templo Taposiris Magna, localizado próximo ao Lago Abusir (antigo Lago Mariut – tendo a Norte a cidade de Alexandria), construído durante o reinado de Ptolomeu II (282-246 aC) revelaram achados que podem indicar o local como o túmulo da rainha Cleópatra, despertando mais uma vez a curiosidade sobre a vida desta mulher.
Escavação em Taposiris Magna. Foto: Supreme Council of Antiquities.
Escavação em Taposiris Magna. Foto: Supreme Council of Antiquities.

Este material é um resumo da biografia conhecida da rainha Cleópatra realizada pelo grego Plutarco (45 – 120 d.C) – que também fizera uma síntese sobre o mito de Ísis e Osíris -, mas para tal utilizei como base o trabalho da professora aposentada E. D. Benchley da Oxford University.

1.0 – Raízes gregas

Com a morte de Alexandre Magno em 331 a.C e a ausência de descendentes legítimos para herdar seu reino, seus generais disputaram suas conquistas. Nesta época o Egito, uma terra rica e produtiva, já estava em mãos gregas. No momento da divisão de bens foi Ptolomeu, conselheiro e um dos generais de Alexandre, quem ficou com o local, tornando-se o primeiro faraó da dinastia ptolomaica em 304 a.C governando na então capital Alexandria, que foi planejada pelo grego Dinocrates. Quem chegava à cidade pelo o mar se deparava com um grande farol de cerca de 100 metros de altura erguido na ilha próxima ao porto chamada de Faros. Segundo os documentos o farol era decorado com mármore branco, e sua exuberância, além de tamanho nada convencional, lhe garantiu ser uma das sete maravilhas do mundo.  
Ptolomeu teve varias esposas, mas uma se destacou: Berenice, a mãe do então herdeiro, embora ele não fosse o filho mais velho do faraó. Sugere-se que ela era irmã do rei, o que só demonstra que casamento consangüíneo da era Ptolomaica permaneceu fiel a tradição dos antigos governantes egípcios que imitavam seus deuses, casando-se com parentes próximos para manter a “pureza” divina.

Árvore genealógica: por ser bastante desgastante acompanhar o nome dos antepassados de Cleópatra lanço este gráfico para um melhor segmento.
O herdeiro chamou-se Ptolomeu II, que se casou com a meia irmã Arsinoe que lhe deu o filho Ptolomeu III Evergetes, depois se casou com uma irmã sanguineamente mais próxima chamada também Arsinoe.
Ptolomeu III se casa então com a irmã Berenice e da união nasce Ptolomeu IV Filopator, considerado a primeira “semente ruim” ptolomaica, uma vez que era impiedoso e lhe é atribuído o assassinato do pai e da mãe. Com a sua morte sua esposa acende ao trono, mas é morta pelos os ministros e substituída por seu filho Ptolomeu V Epifanes.
Como não tinha irmãs, Ptolomeu V se casa com Cleópatra I que deu a luz a Ptolomeu VI que se une matrimonialmente com a irmã Cleópatra II que dá a luz a Ptolomeu VII Neo Filopator.
O casal ainda divide o poder com o irmão Ptolomeu VIII, mas com a morte de Ptolomeu VI o trono passa para o sobrinho Ptolomeu VII. Ptolomeu VIII e a viúva Cleópatra II casam-se e tem um filho, mas o esposo trai a rainha com a filha desta chamada Cleópatra III.
Ptolomeu VIII demonstra um caráter particularmente mais desprezível quando assassina o filho com medo de que este venha a ser uma ameaça ao trono. Com a morte da rainha ele e Cleópatra III reinam juntos sob matrimonio e após a sua morte a moça escolhe seu filho mais novo, o Ptolomeu X, pondo de lado o primogênito Ptolomeu IX Soter que assumiu o governo da ilha do Chipre.
Ptolomeu X casou-se com a sobrinha Cleópatra IV Berenice, que após a morte do marido e do pai (que também chegou a torna-se faraó) permaneceu no poder casando-se com o seu filho Ptolomeu XI, mas depois de duas semanas e meia de casados ele mata a mãe/esposa, mas é assassinado por uma turba enfurecida.
Ptolomeu XI teve somente filhos ilegítimos, contraídos fora de um casamento monárquico, aos quais a dois deles lhes foi concedidos os reinos do Egito e Chipre. O que ficou com o primeiro foi Ptolomeu XII, que se casou com a sua irmã Cleópatra V. Nesta época o Império Romano já estava encontrando o seu auge e afirmava ter o testamento de Ptolomeu XI onde se afirmava que o Egito era a herança que ele deixava para Roma, muito embora não tenha sido apresentada a cópia de tal documento.
Com o medo da ameaça abusiva do Império Romano o faraó Ptolomeu XII teve que pagar enormes quantias para Roma, afim de que seus soldados não invadissem o Egito, um medo que se tornava mais latente quando Chipre foi tomada. Assim sendo os egípcios optaram por se desfazer de Ptolomeu XII exilando-o em Roma no ano 59 a.C e pondo no trono sua filha Berenice.
Em Roma o rei foi bem acolhido por Pompeu, Crasso e Julio César, principalmente pelo o primeiro que o recebeu em sua própria casa e apoiou os direitos monárquicos do exilado, embora saibamos que esta atitude não foi por amizade e nem compaixão e sim por dinheiro: Ptolomeu XII teve que pagar uma considerável quantia tanto a Pompeu como a Julio César que garantiram o retorno, sob escolta, do rei ao Egito.

Julio César
Julio César

Ao chegar a Alexandria, Ptolomeu XII ordena a execução da filha, nesta época a nossa Cleópatra (Cleópatra VII), a qual é dedicado o assunto deste trabalho, tinha quatorze anos quando sua irmã mais velha foi assassinada e tornou-se a próxima na sucessão. Diz-se que também foi na chegada da escolta romana que a pequena tinha visto pela a primeira vez Marco Antônio.

2.0 – A ascensão de Cleópatra VII ao trono

Não se sabe quem é a mãe de Cleópatra VII, então se especula que seja filha de uma segunda esposa de Ptolomeu XII.
Ela na verdade não se destaca na história egípcia somente devido aos seus romances, mas sim por ter sido a primeira da família ptolomaica a falar o idioma egípcio, ao contrário dos demais governantes da dinastia que só falavam grego.
Além da vantagem de ser poliglota, parece ter sido bastante astuta, o que lhe conferiu tornar-se alvo de interesse de duas cabeças importantes de Roma. Seu empenho pelos estudos não ficou somente nas línguas, ela interessava-se também por ciências e literatura.
Quando Ptolomeu XII morreu em 51 a.C e Cleópatra alcançará a idade de quinze anos e seus irmãos dez e sete anos, Pompeu tornou-se tutor dos príncipes egípcios. De acordo com o testamento do rei falecido, a princesa deveria então casar com o seu irmão Ptolomeu XIII para que governassem juntos, no entanto, vendo que a jovem não planejava de fato dividir o poder com o irmão um eunuco chamado Potino e um político chamado Áquilas resolveram unir-se ao garoto para derrubar a irmã. Depois de afastar a rainha eles ambicionavam governar usando o menino como fantoche.

Cleópatra
Cleópatra

Neste meio tempo, em Roma, o choque de idéias entre Pompeu e César, o qual estava cada vez mais ganhando popularidade, fez com que se ocorresse uma ruptura de aliança e os dois travaram batalha.
Acreditando ser Pompeu o mais forte, a rainha Cleópatra lhe envia então apoio através de reforços navais e cereais para alimentar o seu exército.
Provavelmente aproveitando a insatisfação egípcia por sua governante estar ajudando a odiada Roma, Ptolomeu XIII, já com quatorze anos de idade e instigado por seus conselheiros, iniciou incitações ao povo para desmoralizar o prestigio de Cleópatra.
O objetivo foi alcançado e Cleópatra mais sua irmã Arsinoe fugiram para a Síria.
César derrota Pompeu na batalha de Farsália no ano de 48 a.C e torna-se o governante total de Roma.
Pompeu segue então para o Egito acreditando que receberia asilo, assim como fez anos antes com um dos ptolomeus, mas foi assassinado e teve tua cabeça cortada para ser presenteada a César, a autoridade maior romana que chegou à Alexandria muitos dias depois no encalço de Pompeu. Ser presenteado com a cabeça do outrora amigo e principalmente cidadão romano deixou César decepcionado.
Depois de sepultar Pompeu, César percebeu a realidade do governo egípcio e enviou mensagens pedindo que os irmãos se reconciliassem, mas ambos tinham planos diferentes do dele.
Cleópatra aproveitou a estadia de Júlio Cesar em Alexandria e resolveu vê-lo, mas em um momento em que o irmão não estivesse presente para não influenciar na sua conversa com o comandante romano. Ela navegou de volta a capital egípcia em uma embarcação simples e foi enrolada em um tapete para que se passasse por uma encomenda. Carregado por um empregado o “pacote” é levado para os aposentos de Julio César.
De acordo com Plutarco os dois tiveram relações sexuais naquela mesma noite e no outro dia Ptolomeu XIII apresentou-se para ter uma reunião com César e quando viu a irmã ao lado do governador percebeu que Cleópatra estava um passo a sua frente.
Em determinado momento de sua estádia no Egito, César deixou bem claro para os dois irmãos que deveriam governar juntos, como estava no testamento de Ptolomeu XII. No entanto, apesar de promover a união dos dois ele continuava a dormir com a rainha, o que provocava o descontentamento entre os egípcios já que sua soberana traia o faraó com um estrangeiro de forma extremamente descarada.
O descontentamento provocou uma revolta civil que implicou no uso do exercito por Potino e Áquilas, os conselheiros mais próximos de Ptolomeu XIII, mesmo que o seu rei não lhes desse a ordem de insinuar uma batalha contra os romanos.
O conflito armado ocorreu na própria Alexandria, Arsinoe, que até então estava encarcerada na prisão do palácio junto a Ptolomeu XIII, conseguiu escapar e juntou-se a turba que a aclamou como a nova rainha do Egito.
Áquilas, que estava no comando do exército que invadiu a cidade, teve sua morte encomendada por Arsinoe que declarou o seu eunuco Ganímedes o novo general. Já no palácio, César mandou executar Potino e libertou Ptolomeu XIII da prisão. Quando se viu livre sua primeira medida foi se unir a Arsinoe, o que, travou o seu destino.
Quando os alexandrinos tomaram a ilha de Faros, César receou que os nativos tomassem sua frota naval e mandou que ela fosse incendiada. As chamas provocadas por esta ação durou dias e se espalhou tomando alguns pontos da cidade, inclusive a biblioteca de Alexandria, conhecida por ter possuído milhares de volumes sobre a civilização grega, ciências e literatura.
A certa altura César conseguiu recuperar a ilha de Faros, mesmo com o auxilio de sua reduzida tropa, mas os egípcios, que estavam em uma força consideravelmente maior, continuaram ferozes. Em fim, quando reforços chegaram de Roma a batalha, que durou seis meses, pode em fim chegar ao fim. Ptolomeu XIII tentou escapar dos romanos pelo o rio, mas sua embarcação foi a pique e o rei morreu afogado.

3.0 – César e a rainha Cleópatra

Com a vitória, César ordenou o restauro da cidade e entregou o poder a rainha Cleópatra e seu irmão mais novo, Ptolomeu XIV, que tinha onze anos. Com o novo casamento a vida monárquica egípcia poderia continuar. Já a rainha dos rebeldes, Arsinoe, foi exilada em Roma.
Cleópatra então engravidou, mas como não podia, e nem queria, declarar que a criança pertencia a Ptolomeu XIV, ela teve uma idéia. Todos no Egito sabiam que o pai era Júlio César, logo ela se reuniu aos sacerdotes e pediu que eles afirmassem à população que o governador romano era a reencarnação do deus Amon, assim, não teria problema algum que a rainha engravidasse dele. A criança que Cleópatra esperava seria o único filho de César, já que nenhuma das esposas que ele tivera em Roma lhes deu um.

Imagem em moeda de Cleópatra segurando seu primeiro filho.

Com o passar dos dias a pressão para voltar a Roma só continuou a aumentar, e após passar uns tempos com a rainha egípcia navegando pelo o Nilo para conhecer a cultura do norte da África, César retornou para os romanos. Semanas depois o seu filho nasce. Presunçosamente a criança ganhou o nome de Cesarion, e Cleópatra mandou que se cunhassem moedas com a sua imagem segurando o menino.

Cesarion
Cesarion

Quando Cesarion alcançou os dois anos de idade, Cleópatra e o esposo foram para Roma durante as celebrações de triunfo das guerras de César. Quando chegou teve que assistir a sua irmã Arsinoe desfilar de forma humilhante e acorrentada pelas as ruas, apresentada como um troféu do governador.

A rainha egípcia ficou hospedada num bairro periférico e era tratada como uma convidada especial de César, o qual ia visitá-la freqüentemente, mas, apesar de ter conhecido o filho pessoalmente, não o reconheceu como seu herdeiro legítimo, muito pelo o contrário, ele definiu em seu testamento que caso ele não tivesse um filho seus bens teriam que passar para o seu sobrinho Otávio, filho de Átia, e irmão de Otávia.
Com o aumento de seu poder Júlio César tornou-se Imperador e Ditador Vitalício, mas o senado não estava contente com o seu governo acreditando que por receber tal poder ele seria uma ameaça. Dois nomes do senado começaram a tramar uma conspiração: Cássio e Brutos, sendo que este último era alguém ao qual César depositava total confiança.
O plano foi posto em prática durante uma tarde quando, ao chegar ao senado, o ditador foi surpreendido por adagas que estavam escondidas nas togas dos companheiros. Os demais senadores que não faziam parte da trama só puderam assistir ao assassinato do imperador.

Depois de Júlio César o homem mais poderoso de Roma era Marco Antônio, e este, quando soube do assassinato fugiu disfarçado de escravo até a sua casa onde mandou uma mensagem para a esposa de César lhe pedido os documentos administrativos. Os papeis, desde então, ficariam em poder de Antônio.
Quando o testamento do imperador foi a público o povo romano soube que também eram herdeiros do ditador, pois ele deixará uma quantia considerável de dinheiro para cada cidadão e que Brutos, um dos seus assassinos, deveria ser o tutor do filho que César poderia vir a ter. Tomando ciência destes fatos os romanos decidiram condenar o grupo de conspiradores.     
Otávio, o herdeiro legítimo do tio, ficou sabendo do ocorrido só semanas depois, mas durante este período Marco Antônio já estava disposto a torna-se o substituto de César no poder.

4.0 – Antônio: a nova opção de Cleópatra

Cleópatra ainda estava em Roma quando o imperador foi morto, mas conseguiu voltar em segurança ao Egito, mas não sem antes envenenar o esposo que nesta época tinha quinze anos.

Marco Antônio
Marco Antônio
Otávio e Marco Antônio resolveram se unir e lutar contra os assassinos de César. Ao vencerem a batalha dividiram entre si os territórios conquistados por Roma. O segundo ficou com as partes orientais, o que incluía o Egito. Ele parte então em uma viajem por suas terras para arrecadar tributos para Roma. Em determinado momento, quando estava em Tarso, solicitou varias vezes a presença da rainha Cleópatra, mas ela cancelava todas as visitas, ação contrária aos dos demais governantes orientais que atendiam ao pedido de Marco Antônio com presteza.
Depois de receber vários convites Cleópatra então resolve encontrar Marco Antônio, mas ela prepararia uma grande frota de navios e se estabeleceria em uma embarcação especialmente extravagante para ir a Tarso apresentando-se como uma deusa.  
Marco Antônio e Cleópatra manteriam então relações amorosas daquele dia em diante, e a pedido da rainha ele executa Arsinoe. Mas para exaltar sua afeição para com a egípcia ele ainda lhe presenteia com a ilha de Chipre.
Um ano depois os dois se reencontraram em Alexandria, onde Marco Antônio ficou hospedado despreocupadamente e até adotou alguns costumes do local, como vestir-se igual a um grego, por exemplo. Ele passava os dias entre jogatinas, bebedeira e exercícios e quando recebia alguma mensagem pedindo para que retornasse a Roma ele a ignorava.
Devido ao seu descuido, Marco Antônio começou a perder algumas terras e teve que abandonar o seu refúgio e ir para a Grécia e assim montar os planos para a futura batalha. Sua esposa Fúlvia foi ao seu encontro. Enquanto ele esteve fora, ela e Lúcio, irmão mais novo de Marco Antônio, travavam uma guerra civil contra Otávio. Enquanto esteve com o esposo, Fúlvia adoeceu, mas ele a abandona para ir a Roma. Ao chegar ao seu destino o general recebe a mensagem que anuncia que ela morrera após sua partida.
Lúcio tem o seu exercito subjugado por Otávio que, apesar de tudo, continua em aliança de paz com Marco Antônio.
Os dois resolveram reforçar a divisão do império entre eles, mas desta vez o Egito é posto como território independente.
Marco Antônio foi então obrigado a casar-se com Otávia, irmã de Otávio, para intensificar a aliança entre os dois. A esta altura Cleópatra estava grávida e acabou por dar a luz a gêmeos: uma menina chamada Cleópatra Selene e um garoto chamado Alexandre Hélios.

Otavia

Antônio e Cleópatra passaram quatro anos sem se ver, mas se reencontraram após ele lhe enviar uma mensagem pedindo-lhe que fosse vê-lo na Síria. Quando se encontram ele a presenteia com quase toda a bacia do Mediterrâneo e reconhece Cesarion como herdeiro legítimo de Júlio César.
Enquanto Marco Antônio preparava-se para a batalha contra os partos (de origem Indo-europeia), Cleópatra descobre que está grávida mais uma vez, era um menino ao qual deu o nome de Ptolomeu Filadelfo.

5.0 – A guerra eminente contra Roma

Esperava-se que se utilizando de um grande exercito Marco Antônio derrotaria facilmente os partos, mas depois de meses separados a rainha começa a receber cartas de súplicas do amante lhe pedindo dinheiro e reforços, e assim que vai encontrá-lo depara-se com um exército faminto sob o comando de um homem declinado. Na vontade de proteger Cleópatra de possíveis retaliações Antônio alimenta o exército e deixa claro que o dinheiro que os nutre é da rainha egípcia.
Otávia em Roma estava abandonada, e juntamente ao seu irmão ficou sabendo da alarmante situação financeira do marido. Ela então vai à Grécia com uma grande quantia de dinheiro e manda uma mensagem para Antônio mandando que ele vá encontrá-la. Esta ação, em verdade, era um truque de Otávio, se por acaso Antônio se negasse a ir os romanos poderiam interpretar como de fato abandono a Roma e lealdade a Cleópatra.
Influenciado por um suposto ataque de tristeza que teria abalado a saúde psicológica de Cleópatra, Antônio escreve a esposa pedindo-lhe que retorne para casa, pois ele não pode buscá-la uma vez que estaria se preparando para a guerra o que seria potencialmente perigoso para ela. A opinião pública, olhando a nobreza de caráter de Otávia e paciência em esperar fielmente o marido começou a repudiar Marco Antônio.
A certa altura da sua vida ao lado de Cleópatra, Marco Antônio em um festival em Alexandria afirmou publicamente que o Império do Oriente estava totalmente independente de Roma, e que ele, mas a rainha e seus filhos seriam os senhores.
Dar os domínios orientais para a rainha egípcia foi o extremo para o povo romano. Marco Antônio era então um inimigo oficial do império.
Otávio e seus partidários iniciaram uma serie de propagandas degenerativas contra Cleópatra.
Logo o Egito e o império romano começaram a prepararem-se para se confrontarem. Aqueles que eram partidários de Marco Antônio foram para o Egito ficar ao seu lado. Cleópatra insistiu que a guerra contra Roma deveria ocorrer, ela estava no anseio de torna-se governante também do ocidente e usaria o seu exército e o exército de Marco Antônio para tal. Ele estava tão dominado por ela que seguindo o seu pedido separou-se oficialmente da sua esposa Otávia. Nesta época ele estava com cinqüenta e oito anos, e a rainha com trinta e nove.
Diante da submissão pública que Marco Antônio demonstrava por Cleópatra ele começou a perder partidários. O que continuou a seguir foram demonstrações cada vez maiores de abandono ao Império de Roma, dentre eles o seu testamento onde estava afirmado que quando morresse queria ser velado no fórum romano, mas o seu corpo deveria ser enviado a Alexandria para lá ser sepultado. Uma afirmação desta vindo de um dos lideres de Roma era um insulto, e ele foi exonerado de todos os seus cargos oficiais e a guerra foi enfim declarada contra Cleópatra.
Em 31 a.C, Marco Antônio concentrou sua infantaria e suas forças navais na Grécia, mais especificamente em Áccio. Otávio tomou a iniciativa e atacou as tropas de Antônio primeiro e o fez com sucesso.
Após um longo período de batalha a fio no mar e as tropas de Otávio prestes a se tornarem vitoriosas os navios de Cleópatra içaram as velas e fugiram. Marco Antônio logo passa para um navio menor e segue a rainha. Sem comando, as suas tropas se rendem e a batalha é tida como terminada. Cleópatra ansiava retornar o mais breve possível para Alexandria antes que os egípcios descobrissem a sua derrota, mas Marco Antônio decidiu permanecer em uma cidade costeira chamada Paretonium (atual Marsa Matrouh) onde ficou sabendo que a Grécia prestara homenagens a Otávio.
A rainha, por sua vez, voltou para casa com toda a pompa de uma governante vitoriosa, mas, ciente da sua situação, ela enviou um emissário a Otávio munido de alguns presentes (um cetro e uma coroa), na busca de uma negociação: ela lhe entregaria seu reino se ele permitisse que os príncipes egípcios herdassem o trono. Otávio então deixa claro que aceitaria a oferta se a rainha se livrasse de Marco Antônio, executando-o ou expulsando-o do reino. Cleópatra não segue o pedido e Otávio interpreta esta ação como uma recusa.
Numa última investida ela usa o seu filho Cesarion para denotar a sua ascendência de Roma preparando para ele a cerimônia da maioridade, que era de considerável importância na sociedade romana, na época ele tinha dezessete anos de idade e vestia a toga dos adultos. Otávio, ao saber da celebração, ressentiu-se, pois ele deveria ser o único herdeiro de Julio César, e o seu rival egípcio ter tornado-se adulto era uma ameaça a sua posição.
Após ter passado um ano Otávio descobre que a rainha está preparando um mausoléu. Devido a este fato ele começou a imaginar que ela pensava em suicídio, o que não ia de acordo com os planos dele, já que ansiava que a rainha viesse a desfilar nas ruas de Roma como o seu triunfo. Assim ele inicia um joguete insinuando-se apaixonado pela egípcia e ela aceita esta oportunidade.
Neste ponto da história a personalidade de Cleópatra apresenta-se mais dúbia, ela troca cartas secretamente com Otávio, enquanto este pedia que a rainha executasse seu amante. O fato de ela manter estas mensagens em segredo parece apontar que matar Marco Antônio fosse realmente uma possibilidade aceitável.
Ela então envia para fora do Egito Cesarion, a fim de protegê-lo até que a sua situação estivesse segura, e depois se tranca no próprio mausoléu com duas criadas mandando que informassem a Marco Antônio que ela tinha se matado. Este logo reagiu e após enfiar uma espada no próprio peito descobre de alguma forma que Cleópatra estava viva e pediu para que o levasse até ela.
A rainha estava encerrada em seu mausoléu e se negou a abrir-lo, os presentes tiveram que transpassar o romano por um orifício com o auxilio de cordas e roldanas. As fontes relacionadas aos últimos momentos de Cleópatra e Marco Antônio são contraditórias. Mas o que está escrito é que ele morreu em seus braços, ficando ambos trancados no local. Ainda segundo as fontes escritas disponíveis, soldados de Otávio chegam ao mausoléu, e em um determinado momento durante as negociações com a rainha pelas frestas da tumba um dos oficiais romanos conseguiu entrar no recinto e prender Cleópatra. O povo de Alexandria não foi punido e a cidade não foi saqueada. Os filhos gêmeos da governante foram enviados a Roma onde foram adotados por Otávia.
Otávio permitiu que Cleópatra mumificasse Antônio, cita-se que neste período ela ficou doente e negou-se a se alimentar, mas, após saber que se não comesse seus filhos seriam executados voltou a cuidar da saúde. Otávio mostrou-se o tempo todo prestativo a rainha, mas ele foi desmascarado quando um dos seus séqüitos o traiu contando a Cleópatra que ele planejava levá-la a Roma para ser exibida nas ruas.
Ela então reconsiderou o suicídio e pediu permissão para visitar a tumba de Marco Antônio para fazer oferendas. De acordo com os textos ela teria tomado um último banho e se vestiu com indumentárias ligadas a deusa Isís, e enquanto fazia sua refeição um homem entrou na sala com um cesto cheio de figos e ofereceu aos soldados, depois os levou a rainha. Ela, em contrapartida, escreveu uma mensagem a Otávio, onde pedia para ser sepultada ao lado de Marco Antônio. Ao receber a mensagem Otávio se dirigiu rapidamente ao local e encontrou Cleópatra morta na cama e suas duas criadas Iras e Charmion agonizando aos seus pés.
 

Veja mais:
Benchley, Elizabeth. Cleópatra. Editora Folio, 2007.

Vale dos Reis

Chamado outrora também de Vale das Tumbas dos Reis ou Vale das Tumbas Reais o Vale dos Reis não é a maior necrópole do Egito, mas sem dúvida é uma das mais famosas. Popular entre os faraós e nobres do Novo Império, no local funcionavam cabanas para trabalhadores e depósitos para oferendas. Com a sua decadência ainda no período faraônico o cemitério foi abandonado e pilhado recebendo notoriedade somente séculos depois com as expedições de Arqueologia.

Fonte da imagem: Disponível em <
http://www.egyptological.com/2012/01/valley-of-the-kings-from-the-theban-hills-by-heid1-kontkanen-6878  >. Acesso em 10 de Janeiro de 2012.