Seja bem-vindo!!!!


Alguém disse uma vez: São as boas garotas que escrevem em diários. As más garotas nunca têm tempo. Eu? Eu apenas quero viver uma vida que irei lembrar. Mesmo que eu não escreva tudo.

Brooke Davis - One Tree Hill


É necessário abrir os olhos e perceber que as coisas boas estão dentro de nós, onde os sentimentos não precisam de motivos nem os desejos de razão. O importante é aproveitar o momento e aprender sua duração, pois a vida está nos olhos de quem saber ver.

Gabriel Garcia Marquez

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

A natureza é uma obra de arte!!

                     "A natureza é grande nas coisas grandes e grandíssima nas pequeninas." (Saint-Pierre)

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Arceburgo inaugura em agosto escultura para comemorar aniversário de emancipação político-administrativa

A Modinha e o lundu no Brasil

Com o crescimento populacional que vinha se acentuando
desde o início do século XVIII e a formação de centros
urbanos (tais como Salvador, Ouro Preto, Rio
de Janeiro, dentre outros), a demanda por um certo
tipo de entretenimento por parte de uma classe média
emergente era condição imperiosa para a manutenção
de um modelo de cultura que a metrópole, no caso
Portugal, vinha impondo à colônia.
Antes dos concertos públicos, que só viriam
a acontecer no início do século XIX em Portugal (Nery,
1991) e mais tardiamente no Brasil, o lazer era
praticado de diversas maneiras, tanto na Corte quanto
na colônia: as óperas, encenadas desde o século XVIII;
as festas profanas, tais como aniversários de cidades,
membros da família real ou alguma figura importante
pertencente à classe dominante; as festas religiosas,
que também tinham funções sociais.
Uma outra forma de entretenimento que vinha
sendo praticada no Brasil desde meados do século
XVIII era a música patrocinada por proprietários
de posses, que mantinham orquestra formada por
escravos negros especialmente treinados para
executarem os mais diversos instrumentos (violinos,
viola, teclado, charamelas, dentre outros).
As músicas que interpretavam eram os sucessos
europeus que nos chegavam às mãos (Kiefer, 1982).
Porém, tais eventos ocorriam em recintos fechados
e para convidados especiais.
As primeiras manifestações da
música popular urbana no Brasil
EDILSON VICENTE DE LIMA
 Domingos Caldas Barbosa.
1ª edição da obra Viola de Lereno. Lisboa.
Na Officina Nunesiana.
Anno 1798.
FUNDAÇÃO BIBLIOTECA NACIONAL – DIVISÃO DE OBRAS RARAS


Os saraus praticados pelas elites, entre os séculos
XVIII e XIX, também foram formas de lazer, e, por
conseguinte, de divulgação da música cultivada pela
classe média em sua vida cotidiana. Era o local onde
músicos amadores e profissionais podiam se irmanar,
tocando ou cantando suas peças preferidas.
Era também a oportunidade para as moças das finas
famílias exibirem seus dotes ao teclado, ou sua
encantadora voz acompanhada pela delicadeza
do dedilhado na guitarra (Nery, 1994).
Portanto, o gosto pela música e, por conseqüência,
pelo canto, parece ser uma constante na cultura dos
europeus vindos para o Brasil. O negro, por sua vez
e mesmo em condições sub-humanas, sempre cultivou
a música, seja em sua forma ritualística longe dos olhos
ocidentais, ou como divertimento nos terreiros e praças
públicas. Desta forma, sem querer adentrar
as discussões sociológicas quanto às condições sociais
das diversas camadas que residiam no Brasil
em meados do século XVIII, ainda que altamente
europeizada, a colônia, aos poucos, foi construindo
seu próprio caminho musical à medida que as vilas
se desenvolviam.
É nesse ambiente e condições sociais que, nos
últimos anos do século XVIII, surge a modinha,
um tipo especial de canção que será cultivada tanto em
Portugal quanto no Brasil. Esta designa um tipo de
canção lírica, singela e de duração reduzida, composta
para uma ou duas vozes acompanhadas por guitarra
ou teclado. Cultivada, inicialmente, pelas classes mais
abastadas, aos poucos, vai se popularizando, até tornarse,
pouco a pouco, um veículo para a expressividade
musical, tanto portuguesa quanto brasileira.
As discussões pela definição da paternidade da
modinha parecem infrutíferas já que, a despeito da sua
origem e seu surgimento, vai ser adotada pelas duas
pátrias como filha legítima. Mais do que o local
de nascimento, é a trajetória e a aceitação por uma
determinada nação que definem uma nacionalidade.
Porém, a origem da modinha está intimamente
relacionada com a moda portuguesa, sua antecessora,
que em meados do século XVIII, designava,
genericamente, qualquer tipo de canção e era praticada
nos salões de Lisboa pelas classes mais favorecidas
(Araújo, 1963). No Brasil, a palavra moda assume duas
acepções diferentes: qualquer tipo de canção, como em
Portugal; e moda de viola, gênero de canção muito
praticada em São Paulo e Minas Gerais (idem, 1963).
Ao absorver dessa última as características formais
e melódicas, a modinha se configura de maneira muito
rica, não assumindo uma forma específica.
Caracteriza-se, também, por ser mais curta, mais
singela, delicada e, sobretudo, pelo tema amoroso.
Mário de Andrade, no texto introdutório de sua
antológica publicação de 1930, Modinhas Imperiais,
defende que o diminutivo “modinha” está intimamente
relacionado com as características “acarinhantes” tão
presentes na cultura luso-brasileira: “Chamam-lhe
Modinhas por serem delicadas” (Andrade, 1980). Esta
característica, por sua vez, é descrita com muita graça
no refrão da modinha “Quando a gente está com
a gente”, de Domingos Schiopetta, músico que atuou
em Lisboa entre o século XVIII e XIX: “Nós, lá no
Brasil, com nossa ternura/ Açúcar nos sobe com tanta
Álbum de Modinhas, da coleção de modinhas imperiais da Divisão
de Música e Arquivo Sonoro da FBN. Neste número, Despedida,
de José Lino de Almeida Fleming. Narciso e Cia. s/d.
FUNDAÇÃO BIBLIOTECA NACIONAL – DIVISÃO DE MÚSICA E ARQUIVO SONORO

doçura/ Já fui à Bahia, já passei no mar,/ Coisinhas que
vi me fazem babar”.
No final do setecentos, literatos e cronistas
portugueses diferenciavam a modinha portuguesa
da brasileira e atribuíam a esta características próprias
advindas da colônia, no caso, o Brasil. O pesquisador
português Manuel Morais descreve algumas delas:
melodia ondulante, cromatismos melódicos
e acompanhamento singelo (Morais, 2000). Poderíamos
acrescentar: melodias entrecortadas e compostas
de motivos sincopados, ora em retardo, ora em
antecipação, abuso de cadências femininas, porém,
sempre primando por uma certa delicadeza
(Lima, 2001).
O etnomusicólogo Gerard Béhague, em seu
pioneiro artigo sobre o manuscrito Modinhas do Brasil,
que se encontra na Biblioteca da Ajuda em Lisboa
(Béhague, 1968), destaca ainda aspectos poéticos que
considera característicos do estilo brasileiro
e, sobretudo, de Caldas Barbosa. Identifica dois
poemas utilizados nas modinhas desta coleção como
sendo de sua autoria: Eu nasci sem coração e Homens
errados e loucos. Domingos Caldas Barbosa, padre,
também conhecido pelo nome árcade de Lereno
Selinuntino, foi poeta, cantor de modinhas, exímio
improvisador e, naturalmente, tangia sua própria
viola-de-arame. Migrou para Lisboa e lá viveu
no último quartel do século XVIII até sua morte.
Tornou-se muito popular na corte por sua atuação
como poeta e cantor de modinhas.
Seu livro, Viola de Lereno, uma coletânea
de poemas em dois volumes, sugere letras de modinhas
e lundus de sua própria lavra. Teve várias publicações
em Lisboa entre 1798 e 1823 e uma na Bahia, em 1813.
Nele, podemos encontrar o estilo que Caldas Barbosa
utilizou em seus poemas e que muito se assemelham
ao estilo de vários textos encontrados no manuscrito
Modinhas do Brasil acima citado: neologismos
afro-brasileiros, como “mugangueirinha”, além
de diminutivos como “enfadadinha” e “negrinho”;
também os vocábulos “sinhá” e “nhanhá”, tratamento
que os escravos dispensavam às senhoras e senhoritas
nessa época, bem ao gosto do vocabulário popular
praticado na colônia. Caldas Barbosa gozou de grande
sucesso no período em que viveu na corte onde era
muito comum apresentar-se acompanhado por sua
viola e cantando modinhas.
Com base na análise poético-musical efetuada no
manuscrito da Biblioteca da Ajuda e da obra de Caldas
Barbosa, Béhague sugere que, se não todas
as modinhas da coleção, grande parte delas é de
Domingos Caldas Barbosa. Destaca as características
musicais consideradas brasileiras presentes em muitas
modinhas desse manuscrito, sobretudo a frase
sincopada, que no caso dessas peças, aparece
totalmente incorporada ao estilo musical, indicando
uma prática adquirida naturalmente, ou seja,
pela convivência, e não pelo resultado de estudos
técnico-analíticos.
No estágio em que se encontram as pesquisas
sobre a modinha e o lundu, tanto no Brasil quanto
em Portugal, encontramos vários poemas de Domingos
Caldas Barbosa musicados por compositores de
renome, tais como Marcos Portugal (1762-1830),
compositor lisboeta que se transferiu para o Brasil
em 1811 e aqui permaneceu até sua morte;
e Antônio Leal Moreira (1758-1819), outro músico
português de renome em Lisboa no final do século
XVIII, só para citar alguns nomes. Outras tantas
modinhas sobre poemas seus, não trazem assinatura
do compositor da melodia, porém é muito provável
que Caldas Barbosa compusesse música de “ouvido”,
e por isso não tivesse o hábito de assinar suas
composições, pois consta que não era iniciado
nos cânones musicais (Sandroni, 2001).
Fato é que, na documentação pesquisada até
o presente momento, há uma grande quantidade
de modinhas que se destacam por possuir uma
musicalidade muito própria: melodias sinuosas de
poucos compassos e compostas por pequenos motivos,
a presença da síncopa melódica, o acompanhamento
em arpejos de quatro colcheias, parafraseando
as batidas do nosso atual pandeiro ou ganzá. Insisto
nestas características pois elas serão associadas
ao universo afro-brasileiro e estão na base de gêneros
como o choro, o maxixe e samba (Béhague, 1968).
Neste aspecto, o manuscrito Modinhas do Brasil
é de fundamental importância, pois, das trinta
modinhas que compõem a coleção, várias trazem
marcadamente estas características (Lima, 2001).
Não afirmamos com isso que a musicalidade brasileira
se resume aos aspectos acima destacados. Herdamos,
com certeza, o gosto pela melodia que nos foi trazida
pelos portugueses e todas as influências italianas
incorporadas no decorrer do século XVIII; mas,
certamente, a frase sincopada, como ela se apresenta
em várias modinhas desse manuscrito, associada
ao staccato monótono da viola ou guitarra, confere
a elas um caráter muito particular, antecipando em
aproximadamente um século as características musicais
que vão ser associadas ao choro, ao maxixe
e, posteriormente ao samba, como ficou dito acima.
A partir dessas afirmações, podemos concluir que,
apesar de nossa dependência política, certas
características musicais e poéticas reputadas ao Brasil,
inclusive por portugueses já no último quartel do
setecentos, apontam para um direcionamento próprio,
pelo menos no que tange à produção musical.
Neste momento não podemos deixar de falar
do lundu, dança popular brasileira introduzida
no Brasil, provavelmente, pelos escravos angolanos,
muito popular em meados do século XVIII (Andrade,
1989). José Ramos Tinhorão descreve essa dança
já como um resultado da confluência de elementos
da cultura negra, portuguesa e espanhola e praticada
por negros e mestiços no decorrer do século XVIII
e XIX (Tinhorão, 1991). O lundu-dança foi descrito
por Tomás Antônio Gonzaga, um de nossos maiores
poetas inconfidentes, em uma de suas Cartas Chilenas,
atestando ainda mais a sua popularidade na época.
O lundu era dançado, tendo como
acompanhamento o batuque dos negros e
instrumentos já ocidentais, como a viola. Tornou-se
popular por seus elementos coreográficos: a famosa
umbigada, o sensual requebrado das ancas e os trejeitos
das mãos e estalidos dos dedos, elemento que Tinhorão
associa ao fandango Espanhol/ Português (idem, 1991).
A convivência entre negros livres e cativos, a classe
média e a corte, possibilitada pelos centros urbanos
emergentes, aproximou, seguramente, o lundu da
modinha e vice-versa. Essa convivência vizinha fez
com que a modinha absorvesse o estilo sincopado do
batuque do sensual lundu e este, por sua vez, as formas
musicais da recatada modinha, dando origem ao
lundu-canção. Estes lundus quase modinhas, ou estas
modinhas quase lundus, como destaca Mozart de
Araújo em seu importantíssimo trabalho A modinha
e o lundu no século XVIII (1963), são o maior exemplo
da fusão ocorrida, já no século XVIII, entre elementos
da cultura da classe média européia e da cultura
popular afro-brasileira.
É importante frisar que o lundu-dança foi utilizado,
já no século XVIII, em espetáculos para divertir
cortesãos e membros da classe média, tanto no Brasil
quanto nos salões de Lisboa. Isso torna evidente que,
apesar de seu caráter “licencioso”, como queriam
alguns, foi cultivado pelas classes mais favorecidas,
mesmo que em forma de espetáculo e mais estilizado,
e, certamente, influenciou músicos e poetas que não
poderiam ficar imunes aos seus feitiços.
Portanto, podemos caracterizar o lundu-canção,
doravante chamada apenas de lundu, como sendo peça

Domingos Caldas Barbosa.
FUNDAÇÃO BIBLIOTECA NACIONAL – DIVISÃO DE OBRAS RARAS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANDRADE, M. de. Dicionário Musical Brasileiro. Belo Horizonte:
Itatiania, 1989.
________________. Modinhas Imperiais. Belo Horizonte: Itatiaia,
1980.
ARAUJO, M. de. A modinha e o lundu no século XVIII. São Paulo:
Ricordi Brasileira, 1963
BÉHAGUE, G. “Biblioteca da Ajuda (Lisbon) Mss. 1595/1596:
two eighteenth-century anonymous collections of modinhas”,
Anuário do Instituto Interamericano de pesquisa musical, vol. IV,
1968.
KIEFER, B. História da Música Brasileira: dos primórdios ao início
do século XX. Porto Alegre: Editora Movimento, 1982.
_________ . A modinha e o lundu: duas raízes da música popular
EDILSON VICENTE DE LIMA
Musicólogo, autor do livro “As modinhas do Brasil” - Edusp 2001. Mestre em musicologia pela Universidade do Estado de São Paulo.
Professor de História de Música e coordenador do curso de música da Unicsul.
MODINHA E LUNDU: BAHIA MUSICAL, SÉC. XVIII E XIX. BAHIA: Copene, s/d.
CANTARES D’AQUÉM E D’ALÉM MAR. SÃO PAULO: 1989
COMPOSITORES BRASILEIROS, PORTUGUESES E ITALIANOS DO SÉC. XVIII,
Américantiga, 2003
MARÍLIA DE DIRCEU.São Paulo: Akron, s/d
MODINHAS FORA DE MODA. São Paulo: Festa, s/d
MODINHAS E LUNDUNS DOS SÉCULOS XVIII E XIX.Lisboa. Movieplay, 1997
MÚSICA DE SALÃO DO TEMPO DE D. MARIA I. LISBOA: Movieplay, 1994
1900: A VIRADA DO SÉCULO. São Paulo: Akron, s/d
HISTÓRIA DA MÚSICA BRASILEIRA (II). São Paulo: Eldorado, s/d
NINGUÉM MORRA DE CIÚME. Belo Horizonte, s/d
VIAGEM PELO BRASIL. São Paulo: Akron, s/d
20 MODINHAS DE JOAQUIM MANOEL DA CÂMARA/Sigismund Neukomm.
São Paulo: BIEM, 1998
DISCOGRAFIA
brasileira. Porto Alegre: Movimento, 1977.
LIMA, E. de. As modinhas do Brasil. São Paulo: Edusp, 2001.
MORAI, M. Modinhas, lunduns e cançonetas. Lisboa: Imprensa
Nacional – Casa da Moeda, 2000.
NERY, R V e CASTRO, P F. História da Música. Lisboa: Imprensa
Nacional – Casa da Moeda, 1991.
NERY, R.V. in “Música de Salão do tempo de D. Maria I – CD”.
Lisboa: Movieplay, 1994.
SANDRONI, C. Feitiço decente: transformações do samba no Rio
de Janeiro (1917-1933). Rio de Janeiro: Jorge Zahar ed.:
Ed. UFRJ 2001.
TINHORÃO, J.R. Pequena história da música popular. São Paulo:
Art. Editora, 1991.
para voz solista ou a duas vozes, em compasso binário
simples, predominância da tonalidade maior, linha
melódica sincopada e geralmente composta por
fragmentos curtos e o esquema formal variado. Com
relação ao texto, há predominância do uso da quadra
com versos em redondilha maior e uso de refrão
(Kiefer, 1986). O tema, na maioria dos casos, continua
amoroso, porém no caso do lundu, há uma tendência
para a comicidade e a sensualidade (Sandroni, 2001).
No século XIX, encontramos lundus estilizados,
escritos em compasso binário composto, antecipando,
ou já dentro de uma tradição romântica.
Durante o século XIX, a modinha e o lundu, já
autônomos em suas manifestações musicais, tornam-se
verdadeiros meios da expressividade musical tanto
popular quanto erudita. Foi cultivado por músicos
como José Maurício e Marcos Portugal; também por
Carlos Gomes e, numa fase mais adiantada, por Villa-
Lobos, já com sentimentos nostálgicos nas primeiras
décadas do século XX. Na vertente popular, serviram
de suporte para músicos como Xisto Bahia
e a maestrina Chiquinha Gonzaga e porque não dizer,
de Tom Jobim e Chico Buarque. Ainda no século XIX,
incorporaram-se ao repertório de espetáculos
populares e serviram de crônicas à sociedade
de então, como no famoso lundu Lá no largo da
sé velha, que tece uma saborosa crítica à corrupção
51
e aos desmandos econômicos da época.
Finalizando, não obstante a origem aristocrática
da modinha, praticada, inicialmente, nos salões
cortesãos e nas casas dos senhores mais abastados,
aos poucos e numa convivência nem sempre tranqüila,
foi absorvendo características musicais e poéticas
das manifestações advindas das classes
econômicas menos privilegiadas, irmanando-se
ao seu parceiro inseparável, o lundu. Ainda nesse
caminho rumo a aceitação de todos, ambos,
a modinha e o lundu, folclorizam-se, talvez num último
passo para diluir-se na alma!

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

A importância da arte na vida humana

É possível imaginar a vida humana sem luz,
cores, música, poesia, amor?

A História nos apresenta manifestações artísticas de povos primitivos:
pinturas rupestres tão lindas feitas por habitantes
de cavernas desprovidas do mínimo necessário;
instrumentos musicais rudimentares usados por esses povos;
poemas como Iliadas e Odisseia, transmitidos
durante séculos por tradição oral,  antes da escrita.

Nós, seres do século XXI, temos um tesouro a nossa disposição:
livros, exposições, museus, concertos, balés,
teatros, cinemas, televisão, internet…
É só saber escolher e aproveitar…

                                                                                 por norma Fonseca

este pequeno trecho, atribuído a
FERNANDO PESSOA,
encontramos uma boa síntese do valor das coisas:
"O valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade com que elas acontecem. Por isso existe, momentos inesquecíveis, coisas inesplicáveis e pessoas incomparáveis"

A IMPORTÂNCIA DA MÚSICA NA APRENDIZAGEM

A música na vida do ser humano é tão importante como real e
concreta, por ser um elemento que auxilia no bem estar das pessoas. No contexto
escolar a música tem a finalidade de ampliar e facilitar a aprendizagem do
educando, pois ensina o indivíduo a ouvir e a escutar de maneira ativa e refletida.
DUCORNEAU (1984), o primeiro passo para que a criança aprenda a
escutar bem consiste em permitir que ela faça experiências sonoras com as
qualidades do som como o timbre, a altura e a intensidade, depois disso, estará em
posição de escuta.
A criança que consegue desenvolver pouco a pouco a apreciação
sensorial, aprende a gostar ou não de determinados sons e passa a reproduzi-los e
a criar novos desenvolvendo sua imaginação. A boa música harmoniza o ser
humano, trazendo-o de volta a padrões mais saudáveis de pensamento, sentimento
e ação.
A música afeta de duas maneiras distintas no corpo do indivíduo:
diretamente, com o efeito do som sobre as células e os órgãos, e indiretamente,
agindo sobre as emoções, que influenciam numerosos processos corporais
provocando a ocorrência de tensões e relaxações em várias partes do corpo. Para
GAINZA (1988), a música é um elemento de fundamental importância, pois
movimenta, mobiliza e por isso contribui para a transformação e o desenvolvimento.
A música não substitui o restante da educação, ela tem como função
atingir o ser humano em sua totalidade. A educação tem como meta desenvolver em
cada indivíduo toda a perfeição de que é capaz. Porém, sem a utilização da música
não é possível atingir a esta meta, pois nenhuma outra atividade consegue levar o
indivíduo a agir. A música atinge a motricidade e a sensorialidade por meio do ritmo
e do som, e por meio da melodia, atinge a afetividade.
STEFANI (1987), a música afeta as emoções, pois as pessoas vivem
mergulhadas em um oceano de sons. Em qualquer lugar e qualquer hora respira-se
a música, sem se dar conta disso. A música é ouvida porque faz com que as
pessoas sintam algo diferente, se ela proporciona sentimentos, pode-se dizer que
tais sentimentos de alegria, melancolia, violência, sensualidade, calma e assim por
diante, são experiências da vida que constituem um fator importantíssimo na
formação do caráter do indivíduo.
* Carina de Faveri Ongaro
* Cristiane de Souza Silva
** Sandra Mara Ricci

A música é uma das mais antigas e valiosas formas de expressão da humanidade e está sempre presente na vida das pessoas. Antes de Cristo, na Índia, China, Egito e Grécia já existia uma rica tradição musical. Na Antiguidade, filósofos gregos consideravam a música como “uma dádiva divina para o homem. . .”
        
Segundo historiadores, o fazer musical de uma forma ou de outra, sempre esteve presente nas sociedades, desde as mais primitivas até as atuais. Sem dúvida, o nível de complexidade musical se alterou com o passar do tempo, mas não perdeu a sua característica de reunir pessoas. Hoje se percebe que a música tem a capacidade de aglutinar crianças, jovens e adultos, para cantar, tocar um instrumento, ou ambas. Verifica-se que os jovens se identificam por um mesmo gênero musical, o que lhes dá e reforça a sensação de pertencerem a um grupo, de possuírem um mesmo conhecimento. Assim, podemos afirmar que a vivência musical faz parte do dia-a-dia do ser humano e é muito salutar para o desenvolvimento de trabalhos grupais e que a aprendizagem musical abre portas para outras informações.
        
Antes da criança nascer, ainda no útero da mãe, já demonstra sensibilidade ao ambiente sonoro e responde com movimentos corporais. O ambiente sonoro e a presença da música em diferentes e variadas situações do cotidiano fazem com que bebês e crianças iniciem seu processo de musicalização de forma intuitiva. Vários estudos comprovam a importância da música ao ser humano, especialmente às crianças, em fase de desenvolvimento e aprendizado do mundo.
        
Pesquisas recentes confirmam que até os seis anos é a hora de encher esses ouvidos de harmonia. Não é para formar músicos que a Musicalização vem ganhando espaço nas escolas, sendo incluídas até no currículo. A música ajuda a afinar a sensibilidade dos alunos, aumenta a capacidade de concentração, desenvolve o raciocínio lógico-matemático e a memória, além de ser forte desencadeador de emoções.
        
Cada ser humano que descobre sua voz, fica mais bonito, mais seguro de si e com a auto-estima elevada. Fazer música, principalmente em grupo, no coletivo, traz a noção da importância da ordem e da disciplina, da organização, do respeito ao outro e a si mesmo.     
        
Pensando assim, a música não pode estar desconectada do processo de ensino-aprendizagem da escola. A vivência musical para a criança, em geral é extremamente agradável. Ela aprende novos conceitos e desenvolve diferentes habilidades, melhora a comunicação e desenvolve a criatividade, a coordenação e a memória.  Nos primeiros anos de aprendizagem musical a ciança torna-se mais atenta ao universo sonoro de um modo geral e desenvolve uma atitude de ouvinte, que é muito importante para a apreciação musical e para o relacionamento pessoal.
        
Mesmo nos dias atuais, com toda evolução tecnológica, nada substituirá as cantigas de roda, os jogos musicais, parlendas, atividades que simbolizam a infância pela sua pureza e que contribuem para o desenvolvimento pleno da criança. 
        
“A música é uma força geradora de vida, uma energia que envolve o nosso ser inteiro, atuando de forma poderosa sobre o nosso corpo, mente e coração. Além de alegrar, unir e congregar mensagens e valores, disciplinar e socializar, a música forma o caráter e favorece o desenvolvimento integral da personalidade, o equilíbrio emocional e social” (Profª, compositora e regente Míria Therezinha Kolling).
        
Trabalhar com música na Educação é um fazer artístico. Os ganhos que a prática musical proporciona, seja pela expressão das emoções, pela sociabilidade, pela disciplina, pelo desenvolvimento do raciocínio, são valiosíssimos, e para a vida toda.  
                                                         
                                   Valéria da Silva Roque Fernandes 
Referência Bibliográfica: Gamba, Ana Paula – Alto e bom som – Páginas Abertas N.20/2004 – p.26 a 35.           
 

CONCLUSÃO
Conclui-se que a música está ligada ao ser humano desde muito cedo
e que sem ela o mundo se tornaria vazio e sem espírito.
A musica é uma arte que vem sendo esquecida, mas que deve ser
retomada nas escolas, pois ela propicia ao aluno um aprendizado global, emotivo
com o mundo. Na sala de aula, ela poderá auxiliar de forma significativa na
aprendizagem.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Kleiton e Kledir



http://www.youtube.com/watch?v=bYWd4Nvw6J8

Maria Fumaça

Kleiton e Kledir

Composição: Kleiton E Kledir
Essa Maria Fumaça
É devagar quase parada
Oh seu foguista
Bota fogo na fogueira
Que essa chaleira
Tem que tá até sexta-feira
Na estação de Pedro Osório
Sim senhor!...
Se esse trem não chega a tempo
Vou perder meu casamento
Atraca, atraca
Ligadão nessa lareira
Esse fogão é que
Acelera essa banheira
O padre é louco
E bota outro em meu lugar...
Se chego tarde não vou casar
Eu perco a noiva e o jantar
A moça não é nenhuma miss
Mas é prendada e me faz feliz
Seu pai é um próspero fazendeiro
Não é que eu seja interesseiro
Mas sempre é bom e aconselhável
Unir o útil ao agradável...
Esse trem não sai do chão
Capaz!
Urinaram no carvão
Mas que barbaridade!
Entupiram a lotação
Mééééé!
E eu nem sou desse vagão                                        
Mas que tá fazendo aqui?                                               
Mas que baita confusão
Opa! Opa!
Tem crioulo e alemão
Empregado com patrão
Ôpa! Me passaram a mão
Ora vá lamber sabão...
Tagará, tagará, tagará
Tagará, tagará
Togoro, togoro
Togoro, togoro
Tagará, tagará, tagará
Tagará, tagará, tagará
Togoro, togoro, togoro
Se por acaso eu não casar
Alguém vai ter
Que indenizar...
Esse expresso vai a trote
Mais parece um pangaré
Essa carroça
Jaboti com chaminé
Eu tenho pena
De quem segue prá Bagé
Seu cobrador cadê meu troco?
Por favor!...
E dá-lhe apito e manivela
Passa sebo nas canelas
Seu maquinista
Eu vou tirar meu pai da forca
Por que não joga esse museu
No ferro velho
E compra logo
Um trem moderno japonês...
No dia alegre do meu noivado
Pedi a mão todo emocionado
A mãe da moça me garantiu:
"É virgem, só que morou no Rio
O pai falou:
"É carne de primeira
Mas se abre a boca
Só sai besteira"
Eu disse:
"Fico com essa guria
Só quero mesmo
É prá tirar cria"...
Esse trem não era o teu
O meu esvaziaram o pneu
Mas cadê esse guri?
Tá na fila do xixi
Tem chiclete com tatu
Que nojo!
E foi alguém de Canguçu
Me roubaram meu chapéu
Alapucha!
Chama o homem do quartel
E deu enjôo na mulher
Fez "porquinho" no meu pé...
Tagará, tagará, tagará
Tagará, tagará
Togoro, togoro
Togoro, togoro
Tagará, tagará
Togoro, togoro
Togoro, togoro
Se por acaso eu não casar
Alguém vai ter
Que indenizar
E é o presidente dessa tal
R.F.F.S.A...R.F.F.S.A.
R.F.F.S.A...R.F.F.S.A.
R.F.F.S.A...R.F.F.S.A.

Vira virou
Vou voltar na primavera
E era tudo que eu queria
Levo terra nova daqui
Quero ver o passaredo
Pelos portos de Lisboa
Voa, voa que chego já

Ai se alguém segura o leme
Dessa nave incandescente
Que incendeia minha vida
Que era viajante lenta
Tão faminta da alegria
Hoje é porto de partida

Ah! Vira virou
Meu coração navegador
Ah! Gira girou
Essa galera.

Nuvem Passageira

Kleiton e Kledir

Composição: Hermes de Aquino
Eu sou nuvem passageira,
Que com o vento se vai,
Eu sou como um cristal bonito
Que se quebra quando cai.
Não adianta escrever meu nome n’uma pedra,
Pois essa pedra em pó vai se transformar,
Você não vê que a vida corre contra o tempo
Sou um castelo de areia na beira do mar.
(Ar, Ar)
Eu sou nuvem passageira,
Que com o vento se vai,
Eu sou como um cristal bonito
Que se quebra quando cai.
A lua cheia convida para um longo beijo
Mas o relógio te cobra o dia de amanhã
Estou sozinho, perdido e louco no meu leito,
E a namorada analisada por sobre o divã.
(Ar, Ar, Ar) (Ar, Ar,Ar)
Eu sou nuvem passageira,
Que com o vento se vai,
Eu sou como um cristal bonito
Que se quebra quando cai.
Por isso agora o que eu quero e dançar na chuva
Não quero nem saber de me fazer ou me matar
Ou vou deixar um dia fique a minha energia
Sou um castelo de areia na beira do mar
(Ar, Ar, Ar) (Ar, Ar,Ar)
Eu sou nuvem passageira,
Que com o vento se vai,
Eu sou como um cristal bonito
Que se quebra quando cai. (4x)

Quem não gosta de samba bom sujeito não é.É ruim da cabeça ou duente do pé ( Dorival Caymmi)

Eu guardo em mim, dois corações, um que é do mar um das paixões, um canto doce, um cheiro de temporal, eu guardo em mim um Deus, um louco um santo um bem um mal. Dorival Caymmi 
Passo a passo, passando, eu passo! Dorival Caymmi 
É doce morrer no mar Nas ondas verdes do mar Dorival Caymmi
"Gostar de si mesmo, sem egoísmo. Apreciar as pessoas em volta. Cuidar da saúde mental e física. Gostar dos seus horários. Não ficar melancólico, mas guardar na lembrança as melhores coisas da vida. E não abrir mão de ser feliz. A busca da felicidade já justifica a existência." Frases: Dorival Caymmi "Gostar de si mesmo, sem egoísmo. Apreciar as pessoas em volta. Cuidar da saúde mental e física. Gostar dos seus horários. Não ficar melancólico, mas guardar na lembrança as melhores coisas da vida. E não abrir mão de ser feliz. A busca da felicidade já justifica a existência" Dorival Caymmi
Dorival Caymmi, o mais ''baiano'' dos grandes nomes da Música Popular Brasileira 


Assista ao vídeo da música de Caymmi "O bem do mar"

http://www.youtube.com/watch?v=0vnfAeAv0GA



Dorival Caymmi, Nelson Pereira dos Santos e Tom Job
Em setembro de 1939, Dorival Caymmi lançou ''Rainha do Mar'' e ''Promessa de Pescador''. A partir de novembro do mesmo ano, a convite do músico Almirante, passou a atuar na Rádio Nacional. Foi lá, num programa de calouros, que conheceu a cantora Stella Maris, então com os seus 17 anos, com quem se casou em abril de 1940 e permanece até hoje. Ainda em 1939, sua música ''O Mar'' foi colocada em um espetáculo promovido pela então primeira-dama Darcy Vargas. Daí em diante seu prestígio foi se ampliando.
Dorival firma-se então como autor de músicas com temáticas ligadas às tradições populares, gravando em 1940 ''Samba da Minha Terra'' e, no ano seguinte, ''A Jangada Voltou Só''. A partir do final dos anos 40, passa a se dedicar ao samba-canção, que vinha sendo praticado desde Noel Rosa até Ary Barroso, com temática mais urbana. Nela prevaleceram temas românticos e intimistas. A música mais emblemática dessa fase é ''Marina'', gravada em 1947 por Dick Farney.
Capa do livro Dorival Caymmi, O Mar e o Tempo, de Stella Caymmi
Em 1943, Caymmi passa a freqüentar um curso de desenho na Escola de Belas Artes, no Rio de Janeiro, dedicando-se à pintura com intensidade por dois anos. Nada que o fizesse abandonar a música. Em 1945, musicou um hino de Jorge Amado para a campanha de Luís Carlos Prestes ao senado. A letra, mantida em segredo durante décadas, foi publicada pela primeira vez no livro Dorival Caymmi, O Mar e o Tempo, da neta Stella Caymmi. O refrão da música dizia ''Vamos Votar / Com Prestes Votar / Para o Partido Comunista / Vamos Votar''. Nos anos 50, Caymmi é tomado como referência pelas cabeças da bossa nova. Sua música foi um dos elementos mais importantes para o estilo, desenvolvido por João Gilberto, que gravou uma série de composições suas, como ''Rosa Morena'' e ''Saudade da Bahia''. Tom Jobim passou a destacar o caráter moderno da composição de Caymmi. Data daí o começo da grande e longa amizade que os dois cultivaram e que se estendeu às famílias.
Em 1965, traduzida para o inglês por Ray Gilbert, a valsa-samba ''Das Rosas'' estourou nos Estados Unidos na gravação do cantor americano Andy Williams. O sucesso o levou àquele país, onde fez shows, gravou um programa de TV e um LP, passando quatro meses em Los Angeles. Em 1968, o governo da Bahia retribuiu-lhe a divulgação internacional da cultura com uma casa de presente, em Salvador. Ele voltou a morar na cidade por algum tempo, quando aumentou sua ligação com o candomblé, tornando-se obá (espécie de ministro) do terreiro Axé Opó Afonjá.
Jorge Amado e Dorival Caymmi em 1952
Em 1972, foi condecorado com a Ordem do Mérito do Estado da Bahia. Nesse mesmo ano, lançou um LP que trazia a ''Oração da Mãe Menininha'', homenagem à Menininha do Gantois nos seus 50 anos de mãe-de-santo. Mais tarde, ele criaria, também, ''Modinha para a Gabriela'', baseada no romance Gabriela, cravo e canela, de Jorge Amado. A canção, interpretada por Gal Costa, foi sucesso nacional. Importantes homenagens dentro e fora do Brasil marcaram os anos 80 para Caymmi. Em 1984, no seu septuagésimo aniversário, ele foi condecorado em Paris pelo ministro da cultura francês, Jack Lang, com a Comenda das Artes e Letras da França, atribuída a importantes personalidades culturais. No ano seguinte, inaugurou-se em Salvador a avenida Dorival Caymmi. Em 1986, no Rio, o artista virou enredo da Estação Primeira de Mangueira, com o qual a escola de samba venceu o desfile do carnaval daquele ano.

http://revistaepoca.globo.com/Epoca/0,6993,EPT703614-1655-1,00.htmlhttp A obra de Dorival Caymmi é caracterizada pelos temas praianos e pela exaltação às belezas de seu estado natal, a Bahia. Com mais de 60 anos de carreira, Dorival lançou cerca de 20 discos e tem suas músicas gravadas por quase todos os grandes intérpretes da MPB. Hoje, vive no Rio de Janeiro, como patriarca de uma família de grandes intérpretes, compositores e instrumentistas.
Naturismo
O compositor costumava tomar banho nu na Lagoa do Abaeté num tempo em que o local era freqüentado apenas pelas lavadeiras. ''Quando elas iam embora, a minha turma aproveitava para tomar banho nu na lagoa. A gente se enrolava em folhas de coqueiro e ficava escorregando pelas montanhas de areia. Tinha um pessoal que não gostava, mas a maioria sabia que a gente não ficava nu por safadeza'', contou Dorival em uma entrevista ao jornal Valor Econômico.
Candomblé
Aproximou-se do candomblé por curiosidade e influência do pai, este convidado por amigos a participar de festas e cerimônias religiosas. Na religião, recebeu o título de Obá Onicoií, do terreiro Axé Opó Afonjá, por qualidades características do orixá Xangô, como seriedade, princípios morais, energia, amor à cultura, sabedoria e justiça.
Jorge Amado e Carybé
Jorge Amado e Dorival, parceiros na música É Doce Morrer no Mar
No carnaval de 1939, a convite da amiga Carmen Miranda, foi ao Baile do Flamengo no Rio de Janeiro, onde conheceu o artista plástico Carybé, do qual tornou-se amigo íntimo. No mesmo ano, ao passar pela Avenida Rio Branco, perto do Teatro Municipal, conheceu o escritor Jorge Amado por acaso. Apresentados por um amigo em comum como ''conterrâneos'', tornaram-se grandes amigos. Antes mesmo de chegar ao Rio, Dorival já ouvira falar de Jorge Amado. Os estudantes baianos comentavam os primeiros livros do escritor e seu teor antiditadura. A amizade se fortaleceu, mesmo durante o exílio de Jorge Amado na Era Vargas, e os encontros tornaram-se rotina. Foi numa dessas visitas, em uma feijoada na casa dos pais de Jorge Amado, que nasceu a canção ''É Doce Morrer no Mar''. Numa brincadeira, Dorival pediu a todos que fizessem versos em cima do verso ''é doce morrer no mar'', marca de Guma, personagem do livro ''Mar Morto''. Outras músicas em parceria dos dois são ''Modinha de Gabriela'', ''Beijos pela noite'', ''Modinha para Teresa Batista'', ''Retirantes'', ''Essa Nega Fulô'', entre outras. Carmen Miranda
O compositor e empresário Aloísio de Oliveira, falecido em 1995, contava que, em 1938, a sua então namorada Carmem Miranda estava pensando em mudar de vida, deixar a música e casar-se, mas, por contrato, ainda tinha um filme para fazer. A música seria ''No Tabuleiro da Baiana'', de Ary Barroso, que, no auge da fama, pediu uma fortuna para compor a trilha. A produção não topou. Braguinha, que era ligado à produção, lembrou-se de um jovem músico recém-chegado da Bahia, talentoso, autor de uma canção que caberia no filme. Era o jovem Dorival Caymmi. Na mesma noite em que foi contratado para fazer a trilha do filme, foi levado à casa de Carmen Miranda. A afinidade entre os dois foi instantânea. Caymmi cantou para Carmen ''O que É que a Baiana Tem?''. Ela adorou e criou, a partir da letra, o figurino que a consagraria internacionalmente. A canção imortalizou o filme Banana da Terra, lançou uma carreira explosiva de Carmem nos Estados Unidos e içou Dorival ao primeiro time da música popular.

Gonzaguinha

Aos catorze anos, Gonzaguinha escrevia sua primeira composição: Lembranças da Primavera. Pouco mais tarde , compôs Festa e From U.S of Piauí, que seu pai gravaria em 1967.

Em 1961, Gonzaguinha, que estava completando 16 anos, foi morar com o pai em Cocotá. Xavier e Dina não podiam dar estudos para o garoto, que queria estudar economia.

Neste ano Gonzaguinha estudou muito, desde então jamais repetiu um ano, lia todos os jornais e guardava tudo num saco de estopa, ele dizia que esses jornais podiam ajudar ele nos estudos. Só depois de formado é que ele jogou tudo fora.

Trancado no quarto, estudava economia e tocava violão. Quando saía, ia para a praia jogar futebol, sua outra paixão. Como já fizera no morro de São Carlos, esquecia dos horários e nunca vinha almoçar.

Em dezembro de 61, ocorreu o primeiro acidente automobilístico de sua vida, em viagem com o pai e uma amigo, a caixa de mudança do carro enguiçou, isso ocorreu no Rio, em direção a Miguel Pereira, Gonzagão ficou um mês hospitalizado, e Gonzaguinha só sofreu um grande susto.

Os desentendimentos com Helena, esposa de Gonzagão, fizeram com que o menino acabasse sendo interno em um colégio. Talvez tenha sido a partir daí que o "homem" Luiz Gonzaga do Nascimento Júnior tenha começado a se delinear. Não só concluiu o Curso Clássico, como ingressou na Faculdade de Ciências Econômicas Cândido Mendes (Rio de Janeiro). Aquele que tinha tudo para não dar em nada, começava a mostrar o cidadão consciente social e politicamente.

O começo da amizade com Ivan Lins e alguns outros teve inicio na rua Jaceguai, na Tijuca onde morava o psiquiatra Aluízio Porto Carrero, um homem que gostava de levar pessoas a sua casa para longas conversas, jogos de cartas ou uma roda de violão.

Foi nesta casa que Gonzaguinha conheceu Ângela, sua primeira esposa, mãe dos seus dois filhos mais velhos, Daniel e Fernanda .

Das rodas de violão na casa do psiquiatra nasceu o M.A.U. (Movimento Artístico Universitário) e dele faziam partes nomes como Ivan Lins, Aldir Blanc, Paulo Emílio, César Costa Filho. "Éramos um Grupo com pretensões de romper as barreiras do mercado de trabalho, com a consciência de que os festivais não projetavam ninguém" (Ivan Lins). O MAU acabaria sugado pela TV Globo que em 1971 lançava o programa "Som livre exportação".

Nos primeiros dois meses as coisas caminharam bem e o grupo fez grande sucesso. Passando esse período, na hora da renovação do contrato, a Globo só queria Ivan Lins, Gonzaguinha e César Costa Filho. No início eles procuraram manter-se unidos , "na base do ou assina todo mundo ou ninguém assina". Passados os primeiros dias, as grandes somas envolvidas, as diferenças pessoais e outros fatores cindiram o grupo. O programa continuou por mais algumas semanas, comandado por Ivan lins, que foi o que mais vacilou na defesa do grupo.

"Não era uma questão de eu ser mais ou menos forte que o Ivan. É uma questão estrutural. Só isso. A minha imagem de antipatia não permitia que as pessoas tentassem me cooptar. Isso me deixava muito distante. (Gonzaguinha)

Foi nessa época que se difundiu a imagem de Gonzaguinha como um artista agressivo, chegando um jornalista a chamá-lo de "cantor rancor". Para o compositor, sua agressividade foi criada pelo sistema para ele vender mais.

Em 1973, Gonzaguinha participou do programa Flávio Cavalcanti apresentando a música Comportamento Geral num dos concursos promovidos pelo programa. Os jurados ficaram apavorados com a letra que dizia "Você deve aprender a baixar a cabeça e dizer sempre muito obrigado/ São palavras que ainda te deixam dizer por se homem bem disciplinado/ Deve pois só fazer pelo bem da Nação tudo aquilo que for ordenado".

Muita polêmica, uma advertência da censura mas, em compensação, o compacto gravado pelo compositor, que estava encalhado nas prateleiras das lojas, esgotou-se em poucos dias e logo Gonzaguinha pulava do quase anonimato para as paradas de sucesso na Rádio Tamoio e era convidado para gravar um novo disco.

Como era de se prever naqueles anos de chumbo, a divulgação da música logo foi proibida em todo o território nacional e Gonzaguinha "convidado" a prestar esclarecimentos no DOPS. Seria a primeira entre muitas visitas do compositor ao orgão público. Para gravar 18 músicas, Gonzaguinha submeteu 72 à censura - 54 foram vetadas!

Apesar de toda a perseguição, Gonzaguinha nunca deixou de divulgar seu trabalho: quer seja em discos onde driblava os censores com canções alegóricas, quer seja em shows onde, além de cantar as músicas que não podiam ser tocadas nas rádios, Gonzaguinha não se continha e exprimia suas opiniões e sua preocupação com os rumos que a nação tomava.
Em 1975, Gonzaguinha dispensou os empresários e essa atitude foi fundamental para sua carreira, segundo Gonzaguinha a vantagem de trabalhar independente dos empresários está nos contatos que o artista mantém com várias pessoas, o que concorre para recuperar se a base humana do trabalho.

O ano de 1975 foi particularmente importante na vida do compositor: tendo contraído tuberculose, Gonzaguinha viu-se obrigado a passar oito meses em casa e aproveitou o tempo para meditar e refletir sobre si mesmo. Neste período acabou chegando a algumas conclusões importantes.

"Achei que devia retomar toda uma espontaneidade em termos de apresentação, de estar no palco como se estivesse em qualquer outro lugar" (Gonzaguinha)

O ano de 1975 também marcou o início das suas excursões pelo Brasil, em que rodou todo o país de violão. Com isso, conseguiu solidificar as bases nacionais de sua arte e descobriu a importância de seu pai, na música popular brasileira.

Em 1976, Gonzaguinha gravou o LP Começaria Tudo Outra Vez. O disco, de acordo com o próprio autor, representou a capacidade de voltar ao início da carreira, retomar a espontaneidade perdida e "assumir a coerência de um trabalho que vem se estendendo há muito tempo"

Depois disso, sua carreira constituiu um coleção de sucessos, tanto nas apresentações ao vivo como nos diversos LPs que lançou, entre os quais Gonzaguinha da vida (1979), Coisa Mais Maior de Grande (1981), Alô, Alô Brasil (1983), em toda essa trajetória, Gonzaguinha tem demonstrado, ao lado de qualidades artísticas indiscutíveis, uma grande coerência de idéias sobre a arte, a vida e a dimensão política do homem.

Seus últimos 12 anos de vida, Gonzaguinha passou-os ao lado de Louise Margarete Martins
- a Lelete. Desta relação nasceu Mariana, sua caçula.  Até hoje Lelete e Mariana vivem em Belo Horizonte, cidade onde Gonzaguinha viveu durante dez anos.

A vida em Minas, mais calma, com longos passeios de bicicleta em torno da lagoa da Pampulha, marcou um período mais introspectivo de sua carreira. O músico dedicava-se a pesquisar novos sons dividindo-se entre longos períodos em casa e demoradas turnês de shows pelo país.

A mais importante dessas turnês talvez tenha sido com o show "Vida de Viajante", ao lado do pai Luiz Gonzaga, em 1981. Não apenas um show, "Vida de Viajante" selou o reencontro de pai e filho, a intersecção de dois estilos, o Brasil sertanejo do baião encontrando o Brasil urbano das canções com compromisso social e uma só paixão - o palco.

Se "Todo artista tem de ir aonde o povo está", lá estavam pai e filho deixando mágoas, desavenças, ressentimentos na poeira das estradas. Viajando juntos por quase um ano, mais do que se perdoaram - tornaram-se amigos. Não houve reconciliação, houve compreensão.
ACIDENTE
REPERCUSSÃO

Ney Matogrosso 

“ É tão súbito que nem sei o que dizer. Éramos amigos e há, pouco tempo, chegamos a estar bem próximos mesmo sem ter trabalhado juntos. Mais do que seu trabalho, gostava dele como pessoa”

 
Fagner
“ Era muito ligado a ele e a toa sua família. Tudo que posso dizer nesse momento é que estou chocado”

Joanna
“ Gonzaguinha era um poeta contemporâneo, que abordava a alma feminina de uma forma completa. Através da palavra, desnudava o universo da mulher> Ele tinha a sensibilidade à flor da pele. Na minha obra é de extrema importância. Sempre esteve presente nos meus trabalhos, desde que fez a música agora para o meu primeiro LP”

Simone
Era uma pessoa de quem gostava muito.Tinha um grande talento. Estou muito chocada agora para dizer para dizer mais alguma coisa”

Arquiles (MPB-4)
“ Nós éramos muito amigos. Sempre tivermos uma ligação forte porque o MPB-4 gravou muitas músicas dele. Ele nunca nos negou uma composição inédita. Nossas posições políticas também eram parecidas”

Abel Silva

“ A música brasileira perde um grande compositor de apelo popular, que dizia ass coisas com muito precisão e coragem. As canções que ele deu para a Bethânia por exemplo vão ficar. Na última vez que o vi, ele disse: ‘tenho saúde, resto a gente tira de letra’.”

Nana Caymmi
Tinha um carinho grande pelo compositor e pelo ser humano. Vai ficar faltando um pedaço. À importância da obra dele é enorme. Com o tempo sentiremos falta de sua música. Ele lutava pela pátria. Sempre fui sua amiga e era muito ligada a ex-mulher dele, Ângela .
Nossos filhos cresceram juntos. È horrível e inacreditável que isso tenha acontecido
o acidente que tirou a vida de Luiz Gonzaga Júnior,  aconteceu na manhã do dia 29 de abril de 1991 , ocorrido no quilômetro 30 da BR-280, entre os municípios de renascença e marmeleiro, na região sudoeste do Paraná e a cerca de 420 quilômetros de Curitiba.
O Monza dirigido por Gonzaguinha bateu de frente no caminhão F-4000 com placa de Marmeleiro(PR), Gonzaguinha ainda chegou a ser levado a policlínica São Francisco de Paula, em Francisco Beltrão onde chegou sem vida
Os passageiros que viajavam com o Cantor, seu empresário Renato Manoel Duarte e Aristide Pereira da Silva, foram internados na mesma policlínica em estado de coma, ambos tiveram traumatismo craniano. O Renato foi o único sobrevivente.
Segundo um patrulheiro da policia rodoviária estadual, disse que possivelmente o sol atrapalhou a visão do motorista da caminhonete , pertencente a um matadouro. O motorista cruzou a pista para entrar numa estrada de terra que conduz ao matadouro e atingiu o Monza. No asfalto, ficou a marca da freada do automóvel por quase 50 metros.
Gonzaguinha seguia em destino a Foz do Iguaçu onde de lá tomaria um avião com destino a Florianópolis, para a realização de seis shows em Santa Catarina.




       

ABBA

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       O Abba sempre foi uma espécie de grupo dos sonhos, em relação ao pop perfeito. Duas excelentes vocalistas (Frida Lyngstad e Agnetha Faltskog ), dois ótimos músicos, compositores e vocalistas de apoio (Bjorn Ulvaeus e Benny Andersson ) e uma banda de apoio impecável. Nunca tiveram medo de experimentar novas sonoridades. Quando acertavam, era garantia de clássicos pop, maravilhas do naipe de Dancing Queen, The Name Of The Game, S.O.S., Summer Night City, Voulez-Vous, Fernando, Mamma Mia, I Have A Dream e Chiquitita . Mas poucas bandas tiveram tamanha capacidade de entender o formato pop e nos oferecer hits que, com o tempo, se tornaram atemporais. 
 

Adoniran Barbosa, isto sim, é samba!!!!

Adoniran Barbosa

Adoniran Barbosa
Adoniran Barbosa nasceu em 06 de agosto de 1910, em Valinhos, SP. foi um colecionador nato de apelidos. Seu verdadeiro nome era João Rubinato - mas cada situação por ele vivida o transformava num novo personagem numa nova história.
Ele nos conta a vida de um típico paulistano, filho de imigrantes italianos, a sobrevivência do paulistano comum numa metrópole que corre, range e solta fumaça por suas ventas. Através de suas músicas, canta passagens dessa vida sofrida, miserável, juntando o paradoxo bom humor / realidade - para quê lamúrias?
Tirou de seu dia a dia a idéia e os personagens de suas músicas. Iracema nasceu de uma notícia de jornal - quando uma mulher havia sido atropelada na Avenida São João.
Adoniran nasceu e morreu pobre - todo o dinheiro que ganhou gastou ajudando ou comemorando sucessos com os amigos - seu combustível era a realidade - porque então querer viver fora dela? Talvez soubesse que o valor maior de suas canções eram interpretações como a de Elis ou Clara Nunes.
Foi um grande colecionador de amigos, com seu jeito simples de fala rouca, contador nato de histórias, conquistava o pessoal do bairro, dos freqüentadores dos botecos onde se sentava para compor o que os cariocas reverenciaram como o único verdadeiro samba de São Paulo. Mais do que sambista, Adoniran foi o cantor da integridade.

http://www.youtube.com/watch?v=Mbr84hqawaQ

http://www.youtube.com/watch?v=ceBdGz3eTFg
http://www.youtube.com/watch?v=Uijf_Ge8aPI

Bee Gees (adoro)

             
O grupo de Pop Rock e Dance era formado pelos irmãos britânicos Barry Gibb, Robin Gibb e Maurice Gibb, sendo os dois últimos gêmeos. Quando criança, os garotos costumavam aprontar muito. Em consequência de uma dessas travessuras, a família toda teve que mudar de cidade. Nesta época, mudam-se para a Austrália, onde a carreira começa a tomar forma.

Ainda na Inglaterra, por volta dos anos 50, os irmãos começaram a fazer dublagens de músicas famosas no cinema da época. O grupo foi ganhando notoriedade e passou a ser conhecido como The Brothers Gibb (Os Irmãos Gibb), que mais tarde deu origem ao tão popular nome Bee Gees.

Na Austrália, no final da década de 50, o grupo começou a se apresentar em hotéis e clubes, fazendo diversas aparições em programas televisivos da região. Entre 1963 e 1966, o Bee Gees lançou dois álbuns e treze singles, num total de 35 músicas, dentre elas estavam “Three Kisses of Love” e “I Was a Lover, a Leader of Men”. Estes trabalhos foram lançados apenas para a Austrália.

O ano de 1967 é marcado pela volta da família Gibb para a Inglaterra, levando com eles dois músicos australianos, o baterista Colin Peterson e o guitarrista Vince Melouney, que faziam parte da banda de apoio dos irmãos no começo da carreira. Com esta formação, conseguiram um contrato com uma gravadora e lançaram o primeiro álbum distribuído mundialmente: “Bee Gees’ 1st”.

Ainda neste ano, o grupo lança o single “New York Mining Disaster 1941”, levando como nome da banda Be...es, que confundiu muitos fãs, pois remeteu à grupo do momento na época: Beatles. Devido a esta jogada, o single vendeu muito, e mais pessoas passaram a conhecer o trabalho da banda. Outro single lançado no mesmo ano, e ainda mais importante, foi “Massachusetts”, responsável por alavancar o sucesso do Bee Gees.

Com os próximos álbuns, a banda continuou repetindo o sucesso e crescendo constantemente. Alguns dos singles mais famosos desta época foram “To Love Somebody”, “Words”, “I’ve Gotta Get a Message To You” e “I Started a Joke”.

A banda sofre alguns desfalques em sua formação no final da década de 60, antes e durante a gravação do álbum “Odessa”.  Robin Gibb, Vince Melouney e Colin Petersen deixam a banda. Robin decide seguir carreira solo, e os dois outros irmãos continuam gravando pelo Bee Gees, lançando o álbum “Cucumber Castle”, em 1970.

Após os três se dedicarem a projetos paralelos, eles se reunem e lançam um novo álbum no final do mesmo ano, chamado “2 Years On”. Em 1971, o grupo lança o disco “Trafalgar”, contendo um dos maiores sucessos da carreira: “How Can You Mend a Broken Heart?”, além de “Country Woman”.

Apesar do estrondoso sucesso que faziam nesta época, o Bee Gees começou a decair pela utilização frequente do mesmo ritmo: o Pop Rock, que entrou em decadência apo o fim dos Beatles. Em consequência disso, o grupo teve o álbum “A Kick in the Head is Worth Eight in The Pants”, de 1973, rejeitado pela gravadora.

Foi em 1976, com o disco “Children of the World”, que a banda recuperou o fôlego e os fãs. O Bee Gees apostou numa levada mais dance, que era moda naquela época, e emplacou um dos maiores clássicos da Dance Music dos anos 70: “You Should Be Dancing”.

Um ano depois deste álbum, foram convidados para participar da trilha sonora do filme Saturday Night Fever (em português, Os Embalos de Sábado à Noite). O grupo conquistou ainda mais o público, principalmente através das músicas “Stayin’ Alive”, “How Deep Is Your Love?” e “Night Fever”.

Os integrantes dão uma pausa no final da década de 70 para, novamente, se dedicarem a projetos próprios. Em 1981, a banda volta com o disco “Living Eyes”. O trabalho não obteve sucesso como os anteriores, pois nessa época surgia o Punk Rock, tornando-se predominante nas rádios.

Após gravar algumas faixas para a trilha do Os Embalos de Sábado Continuam, a banda se separa novamente e os integrantes voltam aos projetos paralelos. Marcando a volta do grupo, em 1986, o Bee Gees lança “E.S.P.”, com o sucesso “You Win Again”. Três anos depois, em homenagem ao irmão e também cantor Andy Gibb, que falecera devido a problemas cardíacos, chega às lojas o disco “One”.

A década de 90 e o começo dos anos 2000 foram marcados por uma imensa variedade de singles e diversos álbuns lançados. Algumas das principais músicas foram “Alone”, Closer Than Close”, “Still Waters Run Deep”, “You Win Again” e “Chain Reaction”.

“This Is Where I Came In” foi o último álbum gravado pelo grupo, e trouxe canções como “Sacred Trust”, “Wedding Day” e “Just In Case”. Os integrantes do Bee Gees optam por mais uma pausa na carreira, porém, esta seria para sempre.

No dia 12 de Janeiro de 2003, Maurice Gibb, o vocal de apoio e instrumentista da banda, falece devido a um ataque cardíaco durante uma cirurgia. Barry e Robin Gibb anunciam o fim do Bee Gees alguns dias depois. Os dois continuam atuando em suas carreiras solos, e em 2006 se reuniram para duas apresentações especiais.

  

terça-feira, 3 de agosto de 2010

A importância da Arte para a socialização



Alexsandro Rosa Soares
Graduando em Letras pelas Faculdades Integradas Padre Humberto.
Graduado em Normal Superior pelo Instituto Superior de Educação de Itaperuna

O mundo é grande e cabe
Nesta janela sobre o mar.
O mar é grande e cabe
Na cama e no colchão de amar.
O amor é grande e cabe
No breve espaço de beijar.
CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE
Quero iniciar este artigo dizendo que é um privilegio ser um educador por formação. É um privilégio poder fazer parte de uma classe profissional desvalorizada, jogada ao relento por nossos governantes, mas que ao mesmo tempo, por si só, se faz indiscutivelmente importante para o desenvolvimento de uma nação. Digo isso porque ser verdadeiramente educador é um privilégio de poucos. Enquanto educadores, seremos o que quisermos. Também me espanto quando faço uma reflexão sobre o poder que temos em nossas mãos na direção da vida social de cada aluno que passa por nossa sala de aula. Não lhe dá medo? Saber que você é um dos responsáveis pela índole do ser humano que teremos no futuro. Saber que sempre seremos lembrados como aquele professor...aquele, sabe?!
Dentro dessa filosofia, me vem em mente como é importante e proveitosa, a socialização desse ser humano através da "arte" enquanto recurso para a humanização do processo educacional. A união destas duas vertentes, arte e educação, proporcionam a prática verdadeira do que é declarado na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional no seu artigo 3.º, dos princípios e fins da educação nacional, respeitar, valorizar e garantir ao educando uma formação completa de conteúdos práticos em sua existência.
A arte humaniza, e se ela humaniza, precisamos mais do que nunca, da sua utilização no meio educacional e mais ainda na sociedade de modo geral. Pois se temos consciência de que a educação é a base estrutural, juntamente com a família, de uma sociedade plena, também temos consciência de que precisamos, cada dia mais, de pessoas comprometidas com o tema da humanização dos indivíduos. Humanizar no sentido completo e pleno da palavra. Mais do que oferecer aos indivíduos condições de vivência, de sobrevivência, dar a eles a oportunidade de serem quem realmente são, com toda a sua individualidade e peculiaridades.
Temos certeza de que o poder da palavra é fatal, e é por isso que escrevemos. Escrevo porque penso, e se penso, logo existo. Será? Precisamos assumir nossa participação enquanto sujeitos coadyuvantes na produção do saber e conseqüentemente alertar os alunos de que eles mesmo são os protagonistas desse processo. A arte nos proporciona isso, a "intimidade" entre os participantes do paradigma ensino-aprendizagem.
Segundo Luzia de Maria (1998, p. 59), o que a arte busca é justamente preservar a integridade dos homens, prover cada "ser" do alimento necessário para que nele se concretize o sentido de "humano". E se a busca é pela humanização, mais do que justo será unir arte e educação para que nosso mundo seja melhor. Pode parecer que estou tentando escrever um artigo de auto-ajuda, cheio de crenças infundadas e de utopias, mas minha intenção não é essa, senão fazê-lo acreditar que somente as pessoas envolvidas no desenvolvimento da sociedade, sejam de que segmento for (família, amigos, educadores, sociólogos, etc.), podem mudar essa história. Enquanto continuarmos privilegiando coisas inúteis para o crescimento sócio-cultural dos alunos, estaremos contribuindo para a mesmice em que o nosso mundo se encontra.
Das mesmas salas de aula que saem até hoje os políticos corruptos, os menores do tráfico, os bandidos perigosos, podem sair seres verdadeiramente humanos, comprometidos com "o outro", que nada mais é do que nosso auto-reflexo.
Precisamos compreender a significação de um silêncio, ou de um sorriso ou de uma retirada da sala (Freire, p. 97), precisamos através da sensibilidade, ver através de atitudes e ações, oportunidades de acertos e de vidas melhores, e para isso podemos contar com a contribuição da arte. Desde muito tempo a arte nas escolas públicas e particulares é trabalhada de forma inadequada, proporcionando um distanciamento dos alunos das obras, e, conseqüentemente, deixando escapar de suas mãos a oportunidade de entender, admirar e refletir sobre o pensamento do outro (o artista). Para se trabalhar com a Arte é necessário promover um diálogo entre o expectador e a obra. Fazê-lo entender, analisar, observar, perceber, distinguir, criticar e apreender o sentido da expressão relatada pelo autor.
Escrevo porque sinto e me permito, por ser um admirador da arte como mais do que uma simples expressão artística, como simplesmente prazer cultural, um objeto de reivindicação, como recurso de educação, de reflexão, de sentimentos guardados e escondidos de si mesmo.
É imperdoável que o sistema de ensino atual escamoteie a Arte por debaixo de uma "língua portuguesa" tradicionalista, que visa sempre ao consumo de regras sem sentido para a vida social dos nossos futuros cidadãos. Colocar a Arte como um instrumento sub-importante em meio ao monstruoso mundo de regras gramaticais é um pecado mortal. Afirmo, veemente, que a arte é disciplina para ser trabalhada separadamente, promovendo um conhecimento verdadeiro do que é "ser humano". Seja através da poesia, da música, da pintura, da fotografia, enfim, seja de que forma for, é imprescindível que se reavalie o ensino da arte na educação para que possamos contar com pessoas mais gentis num futuro não tão longínquo.
Bibliografia
MARIA, Luzia de (2002): Drummond um olhar amoroso. Rio de Janeiro, Léo Christiano Editorial.
PILETTI. Nelson (2001): Estrutura e funcionamento do ensino fundamental. Rio de Janeiro, Ed. Ática.
FREIRE, Paulo (1996): Pedagogia da Autonomia - Saberes necessários à prática educativa. Rio de Janeiro, Paz e Terra S/A.

O descaso pela arte

O cotidiano da política e da economia faz o discurso que se infiltra em todos os espaços, expulsando a cultura para a periferia dos interesses da cidadania.
“Na época atual, a fatalidade de toda e qualquer arte é ser contaminada pela inverdade da totalidade dominadora.” (Adorno)
A arte, como um trabalho intelectual que amplia a experiência que o homem tem do real e do imaginário, opõe-se ao trabalho alienante da sociedade moderna. Por outro lado, no meio de arte, convivem compromissos e interesses alheios à própria arte; suas condições de produção encontram-se dentro de um campo social e político, sujeito a um conjunto de pressões. O Estado, os patrocinadores e o mercado, visando a interesses imediatos, privilegiam, muitas vezes, artistas cujas obras pouco acrescentam ao mundo da inteligência.
No espetáculo montado pela política, tudo se confunde, tudo passa pela ideologia do poder e pela estética do espetáculo, como a educação, a economia, a ecologia e os discursos políticos. Nesse palco, a cultura foi relegada a uma coisa mundana, uma espécie de conhecimento ornamental que serve à mídia e ao jogo social; a arte perdeu sua singularidade e suas qualidades que a colocavam acima das banalidades do cotidiano, deixando de ser o olhar que interroga, que transforma cores, texturas, formas, experiências sensoriais em meio de conhecimento. Nesta relação entre cultura e poder, insere-se a “crise da arte”, na qual o poder tem prevalecido sobre a pesquisa estética.
Enquanto trabalhos com alguma importância pela pesquisa neles investidos passam despercebidos, trabalhos diluidores da informação, reproduções de clichês divulgados pela mídia são celebrados pelos consumidores de decorações e divertimentos culturais. Uma sociedade sem demandas culturais acaba fazendo da arte uma atividade menor. O cotidiano da política e da economia faz o discurso que se infiltra em todos os espaços, expulsando a cultura para a periferia dos interesses da cidadania. Os artistas que, mesmo sem construírem uma obra, têm os seus reconhecimentos garantidos pela indústria da publicidade, sobrepõem-se àqueles que tem uma vida dedicada à pesquisa e ao trabalho de edificar uma linguagem, contribuindo para a demolição da pseudo-ética vigente e do pensamento crítico.
Sem uma consciência crítica e sem uma convicção ética, artistas, críticos, intelectuais, administradores culturais inventados pela mídia e pelo poder político tomam posição e decidem contra a autonomia e a independência do
trabalho de arte. Promovem e divulgam os bens culturais em proveito próprio, para se sustentarem de forma privilegiada numa relação de poder. Nada mais paradoxal, por exemplo, do que essas leis de incentivo à cultura. Por que incentivar a cultura se ela é um componente essencial para o enriquecimento da sociedade? Antes de ser uma questão de lei, a cultura é uma questão de sensibilidade e de cidadania.
Há um desinteresse geral pela cultura que ocupa um lugar cada vez menos importante nos discursos do cotidiano. Para ser artista, antes de tudo, é preciso ter um tráfego de influências pessoais, acesso à mídia e aos patrocinadores, que fazem da arte um produto incapaz de atribuir um sentido à existência da sociedade. E quem realmente patrocina a arte? “Os contribuintes pagam aquilo que as empresas recuperam através de isenções fiscais pelas suas doações, e somos nós que verdadeiramente subvencionamos a propaganda.” (Hans Haacke). Numa sociedade comandada pela economia, tudo se resume à lei da oferta e da procura.
A arte, burocraticamente falando, é mais uma imagem carente de sentido que divulga um certo prestígio social e econômico, e menos um meio de conhecimento indispensável para o homem contemplar o mundo. Se a obra de arte é expressão de uma sociedade, testemunho de um tempo, de um estágio de conhecimento, renunciar à sua inteligibilidade é renunciar à História.
A política, por sua vez, apropriou-se da cultura e fez dela um verniz para animar ou dar um polimento ao discurso político. A arte perdeu sua inocência, ela agora é objeto do mercado, do Estado e de outras instituições que desconhecem seus mecanismos de produção e sua História. Se os partidos políticos que falam de cultura em seus programas de campanha querem fazer alguma coisa pela cultura, não deveriam fazer coisa alguma, mas, sim, devolver aos intelectuais, aos artistas, a quem trabalha diretamente com a cultura, o poder de decisão e o comando do processo cultural. É preciso devolver à arte seu território perdido.
Quem atualmente exerce o poder sobre o destino dos bens culturais, trabalha, direta ou indiretamente para o mercado, ou é burocrata de carreira que pouco entende das linguagens artísticas e suas leituras. Acabam desprezando os seus valores à serviço do senso comum. Muitas instituições que lidam com a arte, sem recursos econômicos e sem um corpo técnico ligado à área, perderam a importância e a autonomia, quando não são agências de eventos irregulares sem um projeto definido. A mídia dominou a cultura e o artista deixou de lado a indagação da linguagem da arte, abandonou a solidão do atelier, para se tornar um personagem público do teatro social. E a proliferação de um produto designado como arte e do discurso estético, sem a arte, pode significar o desaparecimento da própria arte.
Almandrade


Um texto excelente que descreve a situação do fazer artístico neste país. O descaso foi programado e é consequência de medidas coercitivas na área da educação, sendo uma dessas medidas a reforma do ensino pela Lei de Diretrizes e Bases, principalmente a editada em 1961, e outras subsequentes que pouco-a-pouco retiraram do ensino o caráter universalista e seu instrumental preparatório à absorção de conhecimentos e desenvolvimento do raciocínio. A arte requer uma visão e uma visão reflexiva, ligada à sensibilidade e à alma. A arte solicita ao espectador uma visão não só reflexiva, mas tambem uma ATITUDE. Mas as pessoas não tem posição para uma atitude, faltam-lhes os apetrechos simples, disponíveis até para crianças e animais. Quanto à atitude a ter ao observas a arte, falo do respeito.

Na década de 70 o meio artístico, ainda sem galerias e mercadologias foi tomada por pessoas estranhas ao meio, sem qualquer feedback, Organizadas, conseguiram, mesmo sem formação, galgar posições como "artistas"e até mesmo participar das Bienais de Veneza, com suas propostas semi-pimitivas, improvisadas, tudo muito apoiado pelos Itamaratys, políticos provincianos de Brasilia, dondocas desocupadas. Os verdadeiros artistas, gente seríssima ficou abaixo do 2º plano, pois não deu para se misturar e ser confundido com "artista". Essa visão, de que para fazer arte o sujeito ter que ser "artista" generalizou-se. Para completar, um mercador influente passou a defender a criação de uma "nova Arte", pois o Brasil seria um país alegre, cheio de fruta, um país para uma arte alegre". Por inflência deste pensamento "otimista" o excelente Instituto de Belas Artes da UFRJ foi fechado. Professores como Leao Veloso, José Guilherme Merchior, Edith Behring

Flecha Ribeiro, Carlos Cavalcani foram dispensados e o IBA encerrou suas atividades. Para substituir a instituição, o estado co Rio deixa-se influenciar pela ideologia de uma "arte alegre e jovem" com bandas de rock para atrair os jovens, e assim foi criada a Escola do Parque Lage, de Artes Visuais, cujo nível de ensino nada tinha a haver com qualquer proposta mais séria, a não ser uma "arte alegre". Assim foi criada a geração 80, com vários de seus membros que sequer sabiam desenho. Mesmo assim, mais tarde compareceram com sua "obras "na Bienal de Veneza, com catálogos caríssimos, cujo maio conteúdo era de fotos de Carmem Miranda, de dois artistas norte-americanos e apenas 10% de espaço para o autor da representação da obra (medíocre)representativa do Brasil... A nação brasileira permite esse tipo de situação porque tem o maior descaso com a arte. E este descaso praticamente criado com a ingerência de forças opostas ao país e graças à ignorância e prsunção de maus brasileiros, ou gente sem qualquer representatividade que inverte situações e alcança o poder. Na semana passada avistei a triste paisagem das casas muito feias, das roupas feias, das pessoas feias e gordas, o olhres vazios, e pensei: falta urbanismo, falta arquitetura, falta arte, Então fica tudo feio. É assim que se quer, uma total falta de preocupação estética. A escassês de moeda deixa de ser pretexto, pois a pobreza é OUTRA.

O político presunçoso, provinciano, corrupto, inculto, machista, feio, ávido, espertalhão, como é geralmente o político de qualquer prtido no Brasil, acha que "cultura" é coisa supérflua, e ARTE, uma expressão ao gosto das elites...e aí cria sua demagogia contra as "elites", rumo à luta de classes. Então não é àtôa que Tânatos vem ganhando a parada, pois a violência nunca foi tanta neste país, reflexo de uma faceta do poder que se instalou à custa de manobras espertas. A produção artística, que começou a cair na década de 80, graças a todos estes fatores tão bem enumerados por Almandrade, voltou-se a uma marginalidade quase sem retorno. Em consequência, a nação perdeu o contacto com a contemporaneidade, e não tem nenhuma representatividade, o que equivale dizer que não emite selo ou moeda, e muito mais grave do que isso. Nações jovens como o Cazaquistão, Burkina Faso, ou Mexico, Guatemala, Argentina, Uruguay, Portugal etc se fazem representar por suas produções artistica. Mas o Brasil não...O falso otimismo dos políticos macro-econômicos é ridículo, simplesmente porque arte faz parte da economia, embora seja alheia ao monetarismo vigente.

Evany Fanzeres

E. Fanzeres -www.fanzeres.com

A IMPORTÂNCIA DAS ARTES NA EDUCAÇÃO


A arte constantemente abre portas para um caminho onde o impossível não existe. Trabalhar a arte dá possibilidades de improvisar, transformar, ir além da superficialidade, entrelaçar os conhecimentos, em suma, entrar no terreno criativo da condição humana.
Esta manifestação dinâmica confere às artes uma importância que vai além de disciplina no currículo escolar, pois é produto íntimo da formação humana. O sujeito percebe a sensibilidade da humanidade quando tem a arte como algo significativo em sua educação.
Parte integrante da civilização, a arte é presente quando ainda não se fazia uso da linguagem textual. Nas cavernas, nas edificações, nos templos, nas pinturas, nas esculturas, haverá sempre de representar uma linguagem universal, catalogando períodos, culturas e manifestações.
Referimos-nos, segundo Gombrich (1988), à arte escrita com letra minúscula:
Não prejudica ninguém chamar a todas essas atividades arte, desde que conservemos em mente que tal palavra pode significar coisas muito diferentes, em tempos e lugares diferentes, e que Arte com a maiúscula não existe. Na verdade, Arte com A maiúscula passou a ser algo de um bicho-papão e de um fetiche (Gombrich, 1988:04).

Para o autor, Arte, com letra maiúscula, assusta, assombra, distancia. Faz com que pessoas aparentemente sem dom não se sintam atraídas para iniciar uma atividade artística. Cria-se o medo da reação das pessoas, o medo do ridículo, porque se espera atingir um resultado perfeito, acadêmico, isto é, dentro dos padrões da estética da arte.
A fim de compreender a arte, precisamos nos aproximar e nos identificar o que significou os rituais primitivos que davam vazão às manifestações artísticas do homem primata.
Sob este propósito, esta identificação ainda ocorre no homem pós-moderno através de crenças ou superstições que transcende do que lhe representa o racional. Se pensarmos, por exemplo, na maneira como tratamos uma fotografia de um ente querido, não nos imaginaríamos de maneira nenhuma furando os seus olhos, mesmo que seja somente em um pedaço de papel. Ela tem todo um valor simbólico seguido de um sentimental. Pelo contrário, guardamos esta imagem com carinho, como se tivéssemos lidando ali com a própria pessoa. E isto não está muito distante do que faziam alguns povos primitivos quando simulavam suas caçadas através de desenhos de bisões nos tetos e paredes das cavernas há 15.000 anos atrás. Tais manifestações tinham caráter utilitário e concreto, como encenações das cenas que estavam prestes a acontecer, garantindo assim uma maior probabilidade de vitória.
A partir deste contexto, Gombrich sugere que imagem e letras são, realmente, parentes consangüíneos (ibid.:30). Tal proximidade confere às artes e ao papel da imagem importância significativa à evolução da humanidade.
Quando falamos em arte logo pensamos em belo e em estética. E a idéia de estética, do que realmente é belo, necessita estar constantemente sendo revista, pois padrões e conceitos vivem e revivem como ciclos transformados a cada época.
Segundo Perissé, a respeito de Rodin, é taxativo sobre a beleza:
Não há, na realidade, nem estilo belo, nem desenho belo, nem cor bela. Existe apenas uma única beleza, a beleza da verdade que se revela. Quando uma verdade, uma idéia profunda, ou um sentimento forte explode numa obra literária ou artística, é óbvio que o estilo, a cor e o desenho são excelentes. Mas eles só possuem essa qualidade pelo reflexo da verdade. (Rodin apud Perissé, Ensaio Beleza! in http://www.hottopos.com/ mirand5/beleza.htm).

Segundo o autor, a beleza é um ato de amor que, no núcleo da realidade, ultrapassa o banalizante e desumanizante. Trata o conceito de belo como algo maior que transcende os padrões comuns de beleza.
            Considerada muitas vezes como privilégio das elites, a arte não possui o reconhecimento devido dentro do âmbito escolar e na sociedade. Vale ressaltar que existem escolas que adotam planejamentos que valorizam a questão da arte, da estética e da criatividade na formação dos seus alunos, adotando a arte como aliada à educação. Este número, porém, vem decrescendo com a exclusão das artes na grade disciplinar.
Em um artigo pertencente a um livro intitulado discorre sobre a presença do corpo na arte contemporânea. Coloca que este corpo pertence a um jogo que é ao mesmo tempo, natural e metanatural, físico e metafísico, biológico e mecânico, cultural e metacultural, sendo assim definitivo, nunca linear, sempre aleatório, interagindo então mutuamente.
Todo este jogo do corpo demonstra a presença e importância das artes cada vez mais no nosso âmbito. A arte não é e não deve ser vista como domínio de alguns especialistas. Ela interage em todos os momentos da nossa vida como também tem presença marcante em nossa educação.
Almeida afirma:
O que me espanta é que em nossa sociedade a arte só tenha relação com os objetos e não com os indivíduos ou com a vida; e também que a arte seja um domínio especializado, o domínio dos especialistas que são os artistas. Mas a vida de todo indivíduo não poderia ser uma obra de arte? Por que um quadro ou uma casa são objetos artísticos, mas não a nossa vida? (Focault apud Almeida, 1984:331).

            Quem sabe possamos realçar a importância da imagem, especificamente da Fotografia, dentro da disciplina de Artes, dando ênfase a presença das “artes” na educação e da sua participação imprescindível? Como diria Foucault, por que não podemos fazer de nossas vidas uma verdadeira obra de arte? Cada qual a esculpindo e pintando-a a sua maneira? A imagem deve ser vista e interpretada fazendo uso de reflexões mais subjetivas e não apenas como reflexo do real. Tendo assim um olhar mais abrangente e com mais possibilidades de interação.
Mestranda do Programa de Mestrado em Educação da Uninove – São Paulo;
Licenciada em Educação Artística: Habilitação em Artes Plásticas pela Unesp – Bauru;
Professora de Artes e Web da FCMA – Faculdade e Colégio Mário de Andrade – São Paulo.